Cobradores de vans que circulam na capital estão comprando os créditos do cartão de transporte urbano utilizado por trabalhadores. As empresas disponibilizam vale transporte por meio de passes eletrônicos, o cartão do trabalhador, para deslocamento do mesmo no trajeto da residência ao local de trabalho. Entretanto, algumas pessoas acham mais lucrativo receber o dinheiro e burlam a norma, vendendo o benefício.
Um universitário, que preferiu preservar sua identidade, utiliza frequentemente o transporte coletivo e flagrou na manhã de ontem este momento.
A equipe do Jornal Meio Norte adquiriu com exclusividade o registro feito no seu celular. Ele pegou uma van sentido Porto Alegre ? Shopping na altura do Bela Vista. Dentro do veículo, ele se disse impressionado de como a transação era realizada explicitamente.
?O que me chamou a atenção foi o barulhinho ininterrupto da maquininha. O cobrador passava o cartão várias vezes. Quando ele zerou, uma moça entregou seu cartão e ele repetiu o mesmo procedimento.
Ele entregou o dinheiro e o cartão para ela que usou outro cartão para passar e sair do ônibus?, declara e conclui que possivelmente há pessoas revendendo o serviço para terceiros, já que a mulher havia usado outro cartão.
Durante este processo, o estudante percebeu que o cobrador que comprava os passes, possuía vários cartões numa espécie de envelope no seu bolso. Segundo o universitário, o cobrador realizou este procedimento várias vezes.
O graduando acrescenta que o cobrador ainda explicou para pessoas que o interpelaram querendo saber como vender os créditos do cartão da empresa.
Esta prática é recorrente em Teresina.
O próprio estudante afirma que no centro da cidade é comum as pessoas deixarem seus cartões do ônibus para serem ?descarregados? recebendo no outro dia juntamente com o dinheiro.
Em uma banca de bombons e até por donos de vans, o passe é vendido a R$ 1,35, preço padrão. Para os trabalhadores é uma maneira de complementar a renda, já que geralmente as empresas carregam os cartões com 80 créditos, que vendidos na clandestinidade se revertem em R$ 108,00.
Trabalhadores são responsáveis por passe
O SETUT informa que não controla o uso pelo funcionário e que isso parte da consciência de cada trabalhador. O órgão reitera que é responsável pela comercialização de créditos de transporte apenas com as empresas.
O SETUT explica que as vans são um transporte alternativo que possuem o equipamento padrão utilizado nos ônibus, porém a competência de fiscalizar as vans é do Sindicato de transporte alternativo (SINTRAPI).
A operação do serviço nas vans não é de responsabilidade do SETUT, que esclarece ainda que estas empresas de vans arrecadam e vão ao SETUT receber o valor referente às passagens contabilizadas nas máquinas.
Para o presidente do SINTRAPI, Trajano Paulo, "esses casos são isolados e não tem como o dono do veículo saber o que os cobradores e motoristas fazem.
E o cartão é do passageiro, ele faz o que quer. Não somos nós que temos que dizer para o trabalhador o que ele tem que fazer. É a empresa que tem que verificar", explica.