A pastora Vânia Rozzett poderia ser resumida em poucas palavras como um milagre vivo. Dona de uma serenidade capaz de desedificar qualquer sofrimento, ela ensina que é preciso “enfrentar”, e não “sofrer” o câncer. Para isso, Vânia conta com o próprio testemunho na luta contra um câncer na coluna, que já compromete 40% da estrutura óssea.
Mas como alguém com 40% da coluna comprometida consegue estar de pé, cuidar da família e ainda fazer um trabalho social fantástico, digno da honraria máxima da 14ª edição do Prêmio Piauí de Inclusão Social (PPIS)? Essa resposta nem mesmo os médicos possuem, mas a certeza de Vânia Rozzett é que ela tem uma missão honrada aqui na terra: ajudar o próximo. Com a Casa Muito Além de um Câncer, localizada no bairro Ininga, zona Leste de Teresina, Vânia administra o fruto do seu milagre, que é um albergue para mulheres com câncer vindas do interior que precisam fazer tratamento em Teresina. Com um tratamento humanizado e multidisciplinar, Vânia Rozzett já ofereceu 500 hospedagens com almoço, café e janta de abril para cá. Vânia Rozzett Oliveira nasceu no dia 21 de novembro de 1964, no município de Tupiaguara, em Minas Gerais. Mas foi criada mesmo na cidade mineira de Uberlândia. Atualmente com 54 anos de idade, ela é formada em aconselhamento cristão pela Florida Christian University e escolheu Teresina para fazer o próprio tratamento e ajudar outras pessoas na mesma situação que ela. Ou melhor, Deus escolheu esse destino para Vânia.
Em entrevista para o NOSSA GENTE, Vânia Rozzett conta o segredo para enfrentar o câncer: fé, equilíbrio emocional, alimentação saudável e exercícios físicos.
JORNAL MEIO NORTE: Fale sobre sua infância. Você sempre foi uma pessoa espirituosa?
VÂNIA ROZZETT: Sim. Nasci em um lar cristão, meus pais me criaram na igreja. Sempre fui envolvida com essa vida espiritual, coisa que é muito importante para mim.
JMN: Isso levou você a estudar nos EUA?
VR: Sim. Morei um tempo lá. Fui como pastora, eu e meu esposo. Fiz aconselhamento cristão, que é um braço da psicologia.
JMN: Isso ajuda você no tratamento das pessoas que são acolhidas na Casa Muito Além de um Câncer?
VR: Muito! Uso muito tudo que aprendi na faculdade e com estudos pessoais. Tudo o que fomos aprendendo ao longo dos anos uso na casa e no dia a dia.
JMN: A ideia de criar a casa veio de uma experiência pessoal. Como foi isso?
VR: Exatamente. Tive um diagnóstico de câncer em 2014, que foi câncer de mama seguido de metástase na coluna. Metástase óssea, com 40% da coluna, segundo meus exames, comprometida pela doença. Falo segundo meus exames porque não me sinto doente. Acho que não tenho essa doença em mim, apesar de fazer o tratamento. Eu enfrento, não sofro a doença.
JMN: Qual a diferença entre sofrer e enfrentar?
VR: Quando você sofre a doença, você se entrega muito. Você não se acha capaz de lutar. Você se paralisa ao sofrer aquela dor. Muito foco naquilo, muito sofrimento maximizado. A situação começa a te engolir. Quando você enfrenta, você está de pé para lutar. Você cria uma força que te leva além de seus limites. Você usa todas as armas que você tem.
JMN: Quais essas armas?
VR: Converso com muitas pessoas com câncer e sempre digo: nunca digam “meu” câncer. Meu tumor. Ele não é seu. Você não comprou. Ninguém te deu de presente. Ele invadiu você. Diga sempre: estou enfrentando. O equilíbrio emocional é fundamental nesse processo. Além disso, uma boa alimentação, exercícios físicos e, claro, muita fé.
JMN: Você é um exemplo para muitas pessoas. Qual a grande responsabilidade?
VR: Se Deus me permitiu passar por isso, eu tenho uma tarefa, um propósito a cumprir. Um deles é incentivar pessoas. Claro que a responsabilidade é grande, porque qualquer coisa que eu posto nas minhas redes sociais as pessoas vão tomar como verdade. Então é preciso muito cuidado no que falo e oriento. (Por Lucrécio Arrais)