O presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, o cardeal Giovanni Battista Re, considera "justa" a excomunhão dos médicos que praticaram legalmente um aborto de uma menina de 9 anos grávida de gêmeos após ter sido violentada pelo padrasto.
"É um caso penoso, mas o verdadeiro problema é que os dois gêmeos concebidos eram pessoas inocentes, tinham direito de viver", afirmou o cardeal em declarações publicadas neste sábado pelo jornal italiano "La Stampa", apoiando a atitude do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho.
A interrupção voluntária da gravidez "sempre representa o assassinato de uma vida inocente e, para o código do direito canônico, quem pratica ou colabora diretamente com o aborto cai na excomunhão", acrescentou.
A menina de 9 anos abortou na quarta-feira (4) em um hospital público de Recife (PE), um dia depois que o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, tentou convencer a mãe da menor a desistir da ideia.
O arcebispo anunciou pouco depois que os adultos que tiveram alguma participação no aborto incorreram em uma penalidade eclesiástica que é punida com a excomunhão.
"A Igreja (Católica) sempre defendeu a vida e tem que seguir fazendo isso sem se adaptar às correntes da época ou à oportunidade política", diz o cardeal Battista Re ao jornal italiano.
O chefe do departamento do Conselho Pontifício para a Família, Gianfranco Grieco, acredita que a Igreja não pode "trair" sua postura como a de defender a vida até seu fim natural, mesmo que seja um "drama humano como a violência sobre uma menina".
A missão da Igreja Católica "é a defesa da vida e, por isso, cada um de nós deve ter um comportamento de grande respeito a esta gravíssima dor", diz Grieco, em declarações ao mesmo jornal italiano.
"Os bispos predicam justamente o mistério da vida, enquanto o aborto não é uma solução, é um atalho", disse.