A indústria automobilística brasileira espera manter as vendas de veículos aquecidas em 2011, mas prevê um ritmo de crescimento menor que o dos últimos anos. A projeção inicial é de aumento de 5,2% nas vendas, com 3,63 milhões de unidades, ante 3,45 milhões estimados para 2010. Se o número se confirmar, representará alta de 9,8% em um ano, recorde pelo quinto ano consecutivo.
Em novembro, o número de veículos novos licenciados superou em 8,3% o de outubro, com um total de 328.473 unidades. Sobre novembro do ano passado, houve um incremento de 30,5%. No acumulado de janeiro a novembro, a alta é de 10%.
Os dados foram anunciados hoje (6) pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. Ele explicou que a expansão constatada em novembro se deve ao fato de que, em novembro do ano passado, muitos consumidores adiaram as compras para dezembro na expectativa de melhores condições de negócio por causa da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Para 2011, o executivo acena com a possibilidade de crescimento do Produto Interno Bruto (soma das riquezas geradas no país) entre 4% e 5% e manutenção da estabilidade econômica, do crédito e da evolução da renda dos trabalhadores. Na avaliação dele, o aperto da liquidez, anunciado na semana passada pelo Banco Central e que retirou do mercado R$ 61 bilhões, não afetará de forma significativa o desempenho das vendas do setor no mercado doméstico.
?É apenas ajuste de efeito transitório para conter uma bolha de consumo?, ponderou Belini, prevendo demanda mais modesta entre janeiro e março, porém, de acordo com o fluxo tradicional que se verifica nessa época do ano. Pela análise que fez, haverá maior concorrência entre as instituições financeiras, que terão de se adequar para obter maior captação.
Ele observou que o Brasil tem hoje ?uma nova pirâmide social, com 35 milhões de pessoas que passaram das classes D e E para para a classe C, o que faz o mercado mais robusto?. No entanto manifestou a preocupação com a crescente participação dos importados no segmento automobilístico. Ele estima que as importações deverão abocanhar cerca de 20% do mercado. ?Estou vendo crescer mais as importações do que as exportações e precisamos melhorar nossa competitividade para vender mais lá fora também?.
Para Marcelo Cioffi, diretor da empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), a análise da Anfavea é correta. Ele observou que o país ocupa a quarta posição em vendas, mas está em sexto lugar no ranking mundial de produção. ?A gente tem que olhar os nossos concorrentes porque todos os países emergentes vão produzir muito e todos têm a aspiração de ser exportadores, não só para o Brasil, mas para o resto do mundo ?, disse ele.
A previsão da Anfavea é de queda no número de unidades exportadas em 2011 da ordem de 5%, com 485 mil veículos. Se a previsão se confirmar, será o sexto ano seguido de queda no volume físico. A receita com exportações, no entanto, deve crescer 2,3%, passando de US$ 12,8 bilhões em 2010 para US$ 13,1 bilhões no ano que vem. A produção, por sua vez, deve aumentar 1,1% e atingir 3,68 milhões de unidades. Para este ano, a projeção é de 3,64 milhões de veículos (14,4% a mais do que em 2009).