Uma transexual acusou, nesta terça-feira (8), dois guardas municipais de Piracicaba (SP) de tê-la ameaçado e a agredido verbalmente no Terminal Central de Integração (TCI). A confusão aconteceu por volta de 8h30, quando Riany Rodrigues Sabará, de 21 anos, tentou usar o banheiro feminino e teria sido impedida por um dos agentes que fazem a segurança do local. Ela registrou boletim de ocorrência por ameaça no 2º Distrito Policial. A Guarda Municipal de Piracicaba nega a versão.
Segundo Riany, que está em processo de preparação para passar pela cirurgia de adequação de sexo, esta foi a terceira vez que ela tentou usar o banheiro feminino do terminal e foi impedida por guardas. "Eu dei um passo para entrar no banheiro e um guarda já veio na minha direção dizendo que eu não podia entrar ali, que eu era um viado, homem e tinha de usar o masculino", relatou.
A transexual, que trabalha na organização não-governamental (Ong) Centro de Valorização da Vida (Casvi), disse que tentou argumentar que não era homem e queria usar o banheiro feminino. "Quando pedi que me respeitasse, o guarda virou meu braço e me levou para uma sala do terminal. Eu gritei pedindo ajuda, mas todos ficaram me olhando. Na sala, ele ficou insistindo para saber meu nome de batismo e disse que o nome social era apenas por "fetiche". Eu disse que iria fazer um boletim de ocorrência e eles ficaram me desencorajando, mas fui mesmo assim", afirmou.
Riany disse que um outro guarda ainda falou que iria "arrebentá-la" se ela voltasse ao banheiro feminino. "Me chamaram pelo nome de batismo só para me ofender. Eu disse que tenho um nome social e mesmo assim me diminuíram, riram de mim, disseram que o meu boletim de ocorrência não daria em nada. É uma situação humilhante", completou.
Versão diferente
Em nota enviada por meio de assessoria de imprensa, a Guarda Municipal de Piracicaba relatou uma versão completamente diferente para o fato. Segundo a corporação, uma guarda feminina abordou Riany no banheiro e as duas "resolveram a situação sem ser necessário aplicar uso da força e também sem a necessidade de confecção de boletim de ocorrência por ambas as partes." O órgão municipal ainda esclareceu que o tema homofobia foi debatido em palestra ministrada aos guardas e que combate a prática de atos preconceituosos.