A bandeira do time do Bahia cobriu o caix?o de Milena Vasques Palmeira, de 27 anos, umas das sete v?timas fatais do desabamento de parte da arquibancada do est?dio da Fonte Nova, em Salvador, no domingo (25).
Parentes e amigos da jovem lotaram, na tarde desta segunda-feira (26), no Cemit?rio Bosque da Paz, no bairro da Estrada Velha do Aeroporto. A m?e e a tia de Milena passaram mal e tiveram de ser amparadas. Abalado, o pai da jovem, Jo?o Carlos Palmeira evitou a imprensa, mas os amigos da fam?lia relataram uma hist?ria triste.
Foi Jo?o Carlos quem levou as filhas, Milena e a irm? Patr?cia Vasques Palmeira, de 24 anos, ao est?dio no domingo. Segundo a economista Luciene Leite, amiga de Jo?o Carlos, ele atendeu um pedido de Milena, que queria acompanhar o jogo que garantiria o retorno do Bahia ? S?rie B do Campeonato Brasileiro. Jo?o Carlos estava um degrau abaixo do que estavam as duas filhas. Ele n?o percebeu quando a laje que sustentava a arquibancada cedeu e as duas ca?ram de uma altura equivalente a um pr?dio de cinco andares. Somente com a confus?o que se formou ? que ele olhou para tr?s e viu o buraco. Do alto, enxergou Milena, que j? estava morta, e Patr?cia, que tentava fazer um sinal para o pai.
Patr?cia Vasques Palmeira quebrou o bra?o e a bacia. O f?mur, partido, deve ser operado nesta ter?a. A jovem foi internada no Hospital Santa Isabel logo ap?s o acidente e est? consciente, mas ainda n?o sabe da morte da irm?. De acordo com Luciene, Patr?cia comemorou o fato de estar viva depois do acidente: "apesar de tudo, ? o dia mais feliz da minha vida". Aos amigos, Jo?o Carlos resumiu seus sentimentos em uma frase: "Deus n?o foi t?o injusto. Pelo menos, deixou uma viva".
A amiga da fam?lia disse que os parentes est?o chocados. Segundo Luciene, Milena era a "chefa da fam?lia", uma "l?der pra quem estivesse em volta?.
Al?m de Milena, os primos Jadson Celestino Ara?jo Silva, de 25 anos, e Joselito Lima J?nior, de idade n?o divulgada, foram enterrados no cemit?rio. Um grupo de amigos de Jadson fez uma homenagem ao estudante, com cartazes que traziam fotos dele, copiadas de sua p?gina pessoal num site de relacionamentos.
A estudante Caroline Olinda dos Anjos comandou as homenagens. "Queria mostrar como ele era alegre. N?o existe uma s? foto dele sem que ele esteja sorrindo", disse.
Outra hist?ria comovente ? a do pedreiro S?rgio Luiz Guimar?es Santos, de 31 anos. Ele cresceu ao lado de Joselito Lima J?nior, uma das v?timas do acidente. S?rgio encontrou o amigo no est?dio e, durante boa parte da partida, dividiu com ele o degrau que desabaria minutos depois. Por causa de um desentedimento com outro torcedor, S?rgio subiu um degrau, se afastando do amigo e preservando a pr?pria vida.
Um estrondo incialmente confundido com uma bomba caseira usada em est?dios por torcedores chamou a aten??o do pedreiro. Um colega o empurrou para tr?s. Pouco depois, S?rgio viu o buraco aberto na arquibancada. No meio do p?nico que tomou quem estava por perto, ele e outros torcedores conseguiram ajudar duas pessoas, uma mulher e um senhor, que estavam pendurados nas bordas do buraco. Outro homem n?o teve sorte e despencou sobre os mais de dez torcedores que ca?ram. Um deles era o amigo de S?rgio, Joselito, que morreu na hora.
Segundo S?rgio, os torcedores estavam pulando na hora do acidente. "Todo mundo estava tranq?ilo. Eram 36 minutos do segundo tempo. Falei para o (amigo) Uruguai que n?o ia dar mais nada o jogo. E a placa soltou. Se tivesse tido um gol na hora, a trag?dia seria bem maior", afirmou.
S?rgio afirmou que desistiu de ir ? Fonte Nova. "J? tinha deixado de levar meu filho, agora n?o vou mais. A torcida ? muito violenta e agora isso", disse.
Os corpos das quatro v?timas restantes da trag?dia foram sepultados do outro lado da cidade, no Cemit?rio da Quinta dos L?zaros, no bairro de Baixa de Quintas. O governador Jaques Wagner (PT) compareceu ? cerim?nia e ouviu reclama?es dos parentes dos mortos,