A enfermeira de 22 anos suspeita de espancar e matar um cachorro da raça Yorkshire, em Formosa, no Entorno do Distrito Federal, está em uma casa indicada por advogados e vai depor sob proteção policial. "Ela está abalada com as ameaças e com a repercussão do caso", disse Gilson Afonso Saad, um dos defensores da mulher.
Os advogados solicitaram as medidas de segurança por causa das inúmeras ameaças que ela e família vêm recebendo desde a divulgação do vídeo na internet. As cenas mostram quando a enfermeira espanca o cachorro quase até a morte. Segundo a polícia, o Yorkshire morreu dois dias após as agressões.
Segundo o delegado da 1º Delegacia de Polícia de Formosa, Carlos Firmino Dantas, o advogado o procurou na sexta-feira (16) e informou que a enfermeira estava protegida em uma casa na própria cidade. Disse também que ela estaria à disposição da polícia no momento que fosse necessário.
Ainda sem data marcada, o depoimento da jovem será em local e data não divulgados. "A nossa intenção é que ocorra rápido. Mas o depoimento depende de uma série de fatores, inclusive da própria disponibilidade da polícia", diz Saad.
Na avaliação do delegado, as medidas de segurança são necessárias para garantir a integridade física da suspeita, pois as cenas chocaram todo o País e causaram revolta popular. Na noite de sexta-feira, várias pessoas ficaram amontoadas em frente ao prédio onde fica o apartamento da família, na Vila Formosinha. O imóvel está fechado. "Encontramos indícios nas redes sociais que o grupo pretendia apedrejar o local e acionamos a Polícia Militar", explicou Carlos Firmino.
Exame psicológico
No vídeo, a mulher aparece espancando o cão na frente da filha de 2 anos. A exposição da criança ao constrangimento é delito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Mas a polícia investigará se a menina também sofria agressões.
O delegado havia solicitado um exame psicológico da criança para a próxima segunda-feira (19). Mas ele informou que, na sexta à tarde, a defesa da suspeita se opôs ao pedido. "A defesa não concorda com o exame psicológico. O advogado disse que ele só ocorrerá dentro do próprio processo, com ordem judicial", disse.
Saad diz que não se opôs ao pedido, mas questiona a necessidade do exame. "Eu acho que essas coisas não devem ser impostas e sim conversadas. Só que no momento eu acho que não seria de bom tom", argumentou. O advogado entende que a criança é muito bem cuidada e não está em situação de risco.
Multa
Na sexta-feira, a delegacia de Formosa enviou cópia do procedimento para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para que o órgão promova a autuação ambiental. Segundo Carlos Firmino, a multa pode variar de R$ 5 a 10 mil.
Maltratar animais é crime previsto no artigo 32 da Lei Federal nº 9.605/98, com detenção de três meses a um ano e multa. A pena é aumentada em um terço em caso de morte do animal.