Um novo levantamento realizado pelo Sindicato dos Policiais Civis do Piauí (Sinpolpi) mostrou que a zona Sul de Teresina continua sendo a região mais violenta em Teresina quando se trata na questão de homicídios dolosos, quando há intenção de matar.
A constatação feita através da Pesquisa Perfil dos Homicídios Dolosos do Piauí, realizada mensalmente, mostra que a região é responsável por quase a metade dos homicídios que aconteceram em Teresina no mês de abril.
Os dados coletados através dos meios de comunicação do Piauí mostram que no mês passado, em Teresina, ocorreram 26 homicídios, de um total de 43 assassinatos em todo o Estado. Desse total, a zona sul contou, sozinha, com 12 mortes.
O restante foi dividido pelas outras zonas, sendo que na Norte aconteceram oito crimes; três na Sudeste e dois na Leste. Em um dos casos computados não foi possível determinar a zona onde ele ocorreu.
Nos meses anteriores, o mesmo levantamento também apontou a zona Sul como a mais violenta. Teresina contabilizou em março 21 homicídios, desse total, 11 aconteceram na zona Sul.
No mês de fevereiro, dos 27 casos apontados, a referida região ficou com dez assassinatos, responsável por 37% dos casos. Já em janeiro, a zona Sul empatou com a zona Norte, ambas registrando sete mortes. A zona Leste contabilizou cinco homicídios e a zona Sudeste ficou com seis.
Drogas são a maior preocupação hoje
De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Piauí, Cristiano Ribeiro, 50% de todos os delitos que acontecem na cidade têm como grande motivador o consumo de drogas.
Isto porque a droga é o produto capaz de gerar diversos outros delitos, desde o roubo para a compra de droga, ao homicídio causado pela disputa pelo tráfico de drogas. Esta tem sido uma grande preocupação das Polícias Civil e Militar no sentido de combater os diversos crimes relacionados.
Para o delegado de Entorpecentes, Willame Moraes, além das ações de conscientização de jovens através de palestras, bem como a prisão e apreensão de drogas, o combate ao tráfico deve partir também da própria sociedade, o que pode ser feito através de denúncias. ?Nós trabalhamos não só na investigação, mas identificamos os fornecedores e prendemos.
Para isso, a coleta de informações é necessária e muitas vezes é feita com a própria população, que pode denunciar. A questão da violência tem que ser combatida através da polícia e atividades sociais. O Estado, a família, a religião têm que participar da conscientização?, completa.
No intuito de conter os números alarmantes, o comandante de policiamento da capital, coronel Albuquerque, afirma que as ações de policiamento ostensivo estão sendo feitas e intensificadas. Como resultado, ele considera a quantidade de bocas de fumo que foram estouradas no último mês, bem como outras ações.
?A Polícia Militar tem trabalhado de forma preventiva e repressiva realizando ações naquela região. No último mês pelo menos três bocas de fumo foram estouradas naquela região.
Nesta segunda (14), quatro foram presos recolhendo dinheiro do tráfico, na Vila Jerusalém. Estamos realizando operações pra intensificar a fiscalização em toda a região Sul?, afirma o comandante.
População anda temerosa com violência
A violência é uma reclamação constante da população na zona Sul da cidade, sobretudo nos locais próximo às vilas da região. E é exatamente na proximidade a essas vilas que têm se registrado os crimes de homicídio apontados pela pesquisa.
O bairro Santo Antônio e o conjunto Promorar são os responsáveis pela maioria dos assassinatos registrados na zona Sul no último mês, o que tem gerado entre a população uma grande sensação de insegurança.
Segundo os próprios moradores, tiroteios são constantes na região, principalmente nas proximidades entre as Vilas Wall Ferraz, Santa Cruz, São José e Bom Jesus. Na última semana, a troca de tiros, que aconteceu na praça da Vila Santa Cruz, acabou vitimando uma pessoa e deixando outras duas feridas.
O homem que chegou a falecer a caminho do hospital já teria passagens pela polícia e há suspeitas de que o crime tenha sido cometido por acerto de contas. Dias antes, relatos dos moradores dão conta de que houve outra troca de tiros, desta vez, nas proximidades da Vila Dulcineia.
Os registros de violência assustam os moradores, principalmente quem mora próximo a esses locais e admitem que precisam conviver com o medo diário de sair de casa. Sara Evangelista reside no Parque Pioneira, próximo às vilas no bairro Santo Antônio, e reconhece os riscos de sair na rua.
?Aqui teve um tempo que estava tranquilo, mas por conta das favelas e do tráfico de drogas passou a ter muita boca de fumo, isso tem aumentado e muito a violência. Malas de bairros vizinhos vem pra cá só pra gerar confusão e dá nisso. Assaltam de dia mesmo?, explica.
Maria do Socorro também anda assustada. Apesar de confirmar que há policiamento constante durante a noite, ela afirma que não é suficiente pra garantir a segurança no lugar. ?Aqui está muito perigoso. Já foi mais, mas está voltando de novo. Tem muito conflito de gangues e usuários de drogas que utilizam os matos pra se esconder. Eu fico com medo?, conta.
Carlos Evangelista, ex-militar, mora há mais de 37 anos no local e lembra do tempo quando a violência ainda era algo que se podia controlar. ?No tempo que cheguei era bom. Não tinha nem iluminação, mas era seguro.
O problema se agravou quando começou essa coisa de droga. Hoje está uma infelicidade?, comenta.