O Brasil tem toda condição de, através da agricultura orgânica, oferecer aos seus consumidores, uma melhor saúde e uma melhor qualidade de vida ? possibilitando o consumo de produtos ?limpos?, e ainda oferecer garantia de alargamento de rendas aos produtores deste segmento, e ao mesmo tempo aumentar, através da exportação, a economia do Brasil.
Confira abaixo mais um artigo enviado pelo amarantino José Augusto, Especialista em irrigação sobre agricultura orgânica:
AGRICULTURA ORGÂNICA E SEGURANÇA ALIMENTAR
No mundo de hoje existe relação intrínseca entre a agricultura e a saúde dos consumidores. Os métodos de cultivo afetam a qualidade do solo e este o equilíbrio da planta e finalmente a planta interfere na qualidade de vida do homem e do animal que dela se alimentam.
Os alimentos convencionais consumidos "in natura" apresentam freqüentemente contaminação por agrotóxicos e adubos químicos de síntese, os de origem animal são produzidos com uso intensivo de hormônios, vacinas e antibióticos além dos biocidas. Por seu lado os alimentos industrializados sofrem métodos de beneficiamento como refinação, aditivos, corantes e conservantes que, quando usados indevidamente, ocasionam sérios danos à saúde dos consumidores. A saúde só será preservada se consumirmos alimentos sadios, isentos de qualquer tipo de contaminantes químicos.
Para que se possa obter estes alimentos puros e saudáveis, o movimento orgânico no Brasil, notadamente no Sul, está especialmente voltada para a agricultura familiar que é responsável pela maior parte dos alimentos produzidos no país. Sabemos que hoje 90% da produção orgânica do Brasil é proveniente da agricultura familiar. A agricultura orgânica certamente será a base futura de uma produção familiar mais racional de alimentos, pois busca a exploração de sistemas agrícolas diversificados, economia no consumo de energia, preservação da biodiversidade, maior densidade de áreas verdes, tudo isto contribuindo para manter a paisagem mais humana.
O sistema familiar de produção orgânica se enquadra no conceito da ciência da agroecologia e qualidade de vida com abordagem de prevenção de doenças dentro de um enfoque altamente social e ambiental. Feita esta análise inicial entramos na questão de segurança alimentar, visto que a melhor opção para a produção de um alimento seguro está estritamente ligado à produção familiar orgânica. O alimento orgânico tem mais vitaminas e sais minerais, pois provém de um solo mais rico e equilibrado em todos os nutrientes. Contém maior teor de matéria seca, tendo por isso maior valor nutricional. É mais saboroso, pois mantém os ácidos orgânicos não nitrogenados, especialmente em frutas e hortaliças consumidas "in natura".
Hoje já são mais de 120 países produzindo alimentos orgânicos, gerando renda bruta superior a 25 bilhões de dólares. No Brasil já chegamos a 300.000 hectares plantados, sendo que o Paraná é o estado que mais cresce em termos de produção, visto que nas últimas seis safras este crescimento foi superior a 1.000% , e a produção na safra 2007/2008 deverá ser superior a 75.000 toneladas. No entanto, a quantidade produzida ainda é insuficiente para garantir a alimentação segura a toda a população. Os preços ainda são distorcidos, quando o consumidor adquire produtos orgânicos, por exemplo, em supermercados onde a diferença entre o preço recebido pelo produtor e o preço praticado neste canal de comercialização varia de 100 a 300%. Em média o produtor orgânico recebe pelo produto 20 a 30% mais do que os produtos convencionais. Daí nossa recomendação de que o consumidor adquira os produtos orgânicos nas feiras de produtores, lojas especializadas em produtos orgânicos e cestas oferecidas pelo produtor diretamente ao consumidor.
Em nossa análise, quando nos referimos aos preços dos produtos orgânicos e sua acessibilidade às populações mais carentes, gostaríamos de ressaltar que o produto orgânico ao nível de produção não é caro, na verdade muitas vezes, é o produto convencional que é ofertado muito barato. A grande massa populacional brasileira tem remuneração muito aquém de suas necessidades de sobrevivência. Enfim nossas recomendações a nível de Extensão Rural, buscam aumentar o volume de produção orgânica, reduzir os custos e ofertar alimentos seguros por preços acessíveis para a maior parcela da população, procurando com o tempo atingir especialmente os mais necessitados.
José Augusto S. de Oliveira (Cabeça)
Técnico Agrícola
Especialista em Irrigação e Drenagem
Membro do INOVAGRI
Filiado a ABID
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.