Em 28 de julho de 1960, o então Presidente JK, em comemoração ao centenário do Ministério da Agricultura, instituiu o Dia Nacional do Agricultor (Decreto 48.630), para reverenciar aqueles que se dedicam ao cultivo da terra, transformando seu trabalho em alimento, fibras, insumos e combustíveis para o país e para o mundo.
Esta data é muito significativa para o Brasil, reconhecido globalmente como um grande e eficiente produtor de alimentos. Era importador de comida, há apenas algumas décadas e hoje figura como o segundo maior exportador de produtos agrícolas, com claros indicativos de que será o líder das exportações, já na próxima década.
O país precisou de 490 anos (1.500 a 1.990) para evoluir de zero a 58 milhões de toneladas de grãos (fase Jeca Tatu) e não mais do que 20 anos (1991 a 2010) para crescer de 58 a 146 milhões de toneladas (fase agronegócio). E, como carne nada mais é do que grãos com valor agregado, o Brasil passou, além de grande produtor de grãos para, também, grande produtor de carnes, sendo hoje líder na exportação de carne bovina e de frango e é 4º na exportação de carne suína.
Na era Jeca Tatu, a população rural do Brasil era superior a 50% do total. Eram muitos trabalhando no campo para alimentar poucos na cidade. Como a produtividade era baixa e a produção era pouca, não havia grandes excedentes de alimentos, como seria de se esperar.
Hoje, a população rural do Brasil agronegócio não chega a 20% da população total e produz o suficiente para alimentar um Brasil muito maior e ainda gerar enormes excedentes que, exportados, geram grandes superavits comerciais. Tomando, apenas, o resultado dos dois últimos exercícios fiscais (2008 e 2009), o superavit do agronegócio brasileiro foi de US$ 60 e US$ 55 bilhões, respectivamente, enquanto que os outros segmentos da economia nacional foram deficitários em US$ 35 e US$ 30 bilhões, respectivamente.
É justo que as autoridades brasileiras se vangloriem pela tranquilidade com que o Brasil transitou pela recente crise mundial, mas seria mais justo ainda, se reconhecessem que os recursos que amenizaram essa crise vieram dos superavits das exportações agrícolas. Mais reconhecimento, portanto, àqueles que hoje comemoram o seu dia.
É desafiadora a vida do agricultor moderno. Para competir com sucesso, o mercado exige dele profissionalismo, dedicação e atualização permanente em novas ferramentas tecnológicas. Foi-se o tempo dos gigolôs da terra, aventureiros urbanos que ganhavam dinheiro visitando a propriedade nos finais de semana e recebiam como recompensa, os subsídios oficiais, mecanismo que mais favoreceu a incompetência e a ineficiência agrícola, do que apoiou o produtor rural. Nunca, como agora, foi tão apropriado o significado do velho ditado: ?é o olho do dono que engorda o boi?, intuindo que para enxergar o boi, precisa-se estar perto dele, no campo.
Produzir bem, já não é mais suficiente para sobreviver no campo. Além de dominar as modernas técnicas de produção, o agricultor moderno precisa, também, dominar as tecnologias de gestão, pois hoje pode ser mais importante - para se ter renda - saber como comprar bem os insumos e vender bem a produção, do que ter alta produtividade. Porque, por exemplo, adquirir os insumos utilizando o último elo da intermediação e fazer o contrário com a produção, entregando-a ao primeiro elo da intermediação? Assim, o lucro maior fica com os intermediários.
Infelizmente, o uso intensivo da tecnologia nos processos produtivos do campo inviabilizou a permanência daqueles produtores que não souberam adaptar-se às mudanças e foram forçados a migrar para a cidade, em busca de uma vida melhor. Outros, no entanto, souberam transformar o empreendimento familiar numa empresa rural lucrativa e continuam onde sempre quiseram estar: no campo.
A esses heróis anônimos, MEUS PARABÉNS pelo seu dia.
José Augusto S. de Oliveira (Cabeça)
Técnico Agrícola
Especialista em Irrigação e Drenagem
Membro INOVAGRI
Filiado ABID
Colaborador GREENPEACE BRASIL
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