A cidade de Amarante, a 156km de Teresina, prepara-se para a tradicional Festa do Divino, a realizar-se no período de 28 a 31 de maio, com uma programação que inclui procissões, concerto, exposição, serenata e a solene missa do domingo de Pentecostes, precedida do grande cortejo imperial.
A Festa do Divino tem sua origem atribuída a uma promessa feita, ainda no Século XIV, pela rainha D. Isabel, de Aragão, casada com o rei D. Dinis, de Portugal, ao invocar o Espírito Santo em favor da pacificação dos conflitos familiares que punham em risco a própria unidade do reino. Com o tempo, espalhou-se pelas colônias portuguesas e pelo mundo ibérico, e, atualmente, pode considerar-se como uma festa universal, talvez a mais rica em simbologia.
Em todo o Brasil, as celebrações em honra ao Divino Espírito Santo reportam-se ao Dia de Pentecostes, que em 2009 ocorrerá em 31 de maio, ou seja, 50 dias após o domingo de Páscoa. Os Estados com maior tradição na religiosidade popular relativa do Divino são: Maranhão, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Na Região Norte, igualmente, é muito forte o apelo a essa tradição herdada do colonizador português, destacando-se os belos cortejos fluviais pelos igarapés, devoção que foi absorvida também por várias tribos indígenas.
No Piauí, atualmente se destacam as festividades realizadas em Amarante e Oeiras, mas outras cidades, como Simplício Mendes e Valença, festejam o Divino, prática também desenvolvida no extremo Sul do Estado. Na jurisdição da Arquidiocese de Teresina, contudo, não há dúvida de que a maior festa é a de Amarante, sobretudo porque o Tríduo vem ganhando expressão cada vez maior com as procissões luminosas a percorrer as ladeiras da velha cidade do Médio Parnaíba.
Na noite do sábado, a procissão luminosa encontrará, na Escadaria, cerca de 26 peregrinações de Nossa Senhora, seguindo em grande cortejo para a Igreja Matriz, onde será recebido pela Orquestra Sinfônica de Teresina. Mais tarde, no bairro Vila Nova, haverá mais um encontro de Divindades, também conhecidas como Tambores ou Bandeiras do Divino. As ?divindades? são grupos de cantadores e caixeiros (percussionistas) que, com a Pomba e a Bandeira, fazem as ?desobrigas de peditório? pelos povoados de muitos municípios brasileiros, sendo em algumas Regiões chamadas ?folias do Divino?. Os ?cantadores? são, em geral, excelentes repentistas, que inserem em suas quadrinhas fatos, nomes e personagens relacionados ao festejo ou envolvidos em sua realização. Os caixeiros, normalmente, exercem também o papel de cantadores. É muito comum que as divindades tenham um rabequeiro ou violeiro, mas no Sul do Brasil usa-se, às vezes, a sanfona em lugar da rabeca ou da viola.
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