Na entrada do cemitério São Gonçalo de Amarante existe um túmulo. Antigamente era uma cova rasa com uma pequena cruz de madeira no local. Lá estão os restos mortais de ?Auta Rosa? ou simplesmente ?Finada Auta?, como é mais conhecida. Ela era filha de escrava e, conforme o escritor Homero Castelo Branco, teve seu corpo jogado para dentro e para fora do cemitério até aparecer alguém que resolveu sepultá-la onde ainda hoje se encontra.
Para Bruno José dos Santos, escritor, ex-deputado e ex-prefeito de Floriano, a sociedade de Amarante na época era muito tradicionalista. Essa sociedade, conforme Bruno, não admitia o sepultamento de pessoas como Auta. ?Ela era do grupo dos três pês: preta, pobre e prostituta. Seria uma ofensa ter o seu corpo ao lado das grandes famílias da sociedade amarantina. Por isso que houve essa disputa de um grupo que desejava o seu sepultamento dentro e outro grupo que não aceitava. E essa ideia sectária não acabou tão cedo, estendeu-se até a década de 70 do século passado? disse Bruno dos Santos.
No livro de Homero ele relata que Auta foi prostituída pelo filho do seu patrão, mas não viveu da prostituição e a sua vida foi coroada de dedicação ao próximo. ?Ela passou a vida cuidando dos tuberculosos. Quando alguém morria vítima desse mal ela banhava o corpo e o preparava para o sepultamento. Devido a esse contato permanente com os doentes e falecidos de tuberculose, Auta contraiu a doença que causou a sua morte?, disse Homero.
?Passados três anos, um governante de Amarante, sabendo da história e bastante comovido, mandou que os restos mortais de Auta fossem retirados e que a mesma recebesse um enterro digno. Ao cavar, um dos homens encarregados para o ofício, sentiu que a sua enxada tocou em algo. Era o corpo da escrava e, para surpresa geral, ele sangrava. Diante disso, o traslado foi suspenso e Auta foi santificada?. Essa passagem está no livro do escritor Homero Castelo Branco e é repetida por diversas pessoas que residem no município amarantino.
José Bruno diz que inúmeras pessoas se apegam com Auta Rosa que, para ele, é uma santa. No prefácio do livro de Homero Castelo Branco, Bruno cita vários casos de pessoas que alcançaram graças através de Auta. O certo é que a pequena cova é hoje um túmulo frequentado por pessoas até de outros Estados que, ao visitar Amarante, se deslocam até ao cemitério São Gonçalo onde acendem velas e agradecem as preces atendidas.
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