Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito
Querida por quem? Para o poeta amarantino Da Costa e Silva, autor do belíssimo Hino do Piauí, não resta a menor dúvida que desde criancinha amava o Piauí, haja vista as singularidades da terra e do povo decantadas na magistral letra. É querida também para homens e mulheres que nascem, crescem e reproduzem nesta vastidão nordestina e que em razão da rusticidade dos campos e da dureza da vida acreditam piamente em futuro promissor para os seus filhos, mesmo que no decorrer da labuta se deparem com percalços da responsabilidade de alguns que são escolhidos para gerir o bem comum.
Mas existe segmento da sociedade mafrense que se apresenta como o que mais gosta do Piauí. Evidente, que, neste meio, há aquela exceção em que podemos confiar. Mas, inexplicavelmente, no seu seio, se apresenta os que, com o tempo, a população descobre que não merecem o destaque que têm e que eventualmente lhes confiamos o poder. O pior é que neste contingente são poucos os que são dignos de crédito. E para camuflar realidade tão inescapável, criam mil e um artifícios para tentar vender o peixe completamente diferente do aceitável.
Assim, requer analisarmos detidamente os atos dos que exacerbam no gostar do Piauí para sabermos se as suas ações correspondem realmente com o que apregoam benfazejas, em vez de, na verdade, serem subliminarmente outros os interesses. E enveredando no campo da política veremos que a coisa não é bem como alguns dos seus operadores pintam.
O ano de 2014 será de realização de eleições no Brasil. E no Piauí serão eleitos novo governador, um senador, 10 deputados federais e 30 deputados estaduais, além de votarmos ainda para a Presidência da República. Seria consentâneo que o governante piauiense eleito cumprisse com as promessas feitas ao povo e que são transformadas em programa administrativo e, no exercício do mandato, colocaria em prática em benefício de todos governados. Depois, regularmente, viria outra eleição e a população livremente julgaria a gestão governativa e, se satisfeita, continuaria o trabalho através de partidário da situação ou no caso do não cumprimento da missão confiada elegeria nova plataforma de governo capitaneada por postulante da oposição.
Mas o que vem acontecendo atualmente no Piauí com um desses que juram gostar excessivamente do Estado e do povo e que teve a oportunidade de provar se dedicando ao mandato governamental conferido pela maioria, é que passou algum tempo extasiado no poder e, cobrado, resolveu endividar o tesouro estadual. Agora, apressadamente, por ter de enfrentar o julgamento popular, começou a executar algumas obras - diga-se, delas sem ser prioridade para o Estado ? e por não estarem concluídas agora diz que as inaugurarão inacabadas.
A par disso, o Jornal Diário do Povo de 20 de janeiro de 2014 trouxe na manchete da primeira página o seguinte: ?Wilson vai inaugurar obra pela metade antes de sair?. E diz a matéria: ?Com a candidatura ao Senado praticamente certa, o governador Wilson Martins vai deixar o Palácio de Karnak em abril sem inaugurar dezenas de obras, muitas delas estruturantes como a nova ponte JK e a Transcerrados. O cronograma das obras atrasou, frustrando a administração estadual, já que seria um trunfo importante na campanha?. A matéria ainda diz que o atraso na execução das obras frustra a estratégia político-eleitoral da base aliada do governo e que esta é a saída para Wilson Martins se apresentar ao eleitorado.
Um lembrete: quem gosta do Piauí planeja as suas ações governamentais em prol do Estado e inaugura as suas obras concluídas para servirem efetivamente a sociedade, senão é engodo. Na sanha eleitoreira, outro veículo da imprensa piauiense estampou em 21/1/2014: ?Marcelo Castro une agenda à do governador e viaja pelo Sul do Estado?. E ainda diz: ?O deputado federal Marcelo Castro (PMDB), pré-candidato ao governo do Estado, tem tido uma agenda agitada ao lado do governador Wilson Martins (PSB). Na última semana, o deputado visitou obras em Teresina e falou à imprensa sobre sua candidatura?. E mais: ?Visitou Floriano também acompanhado da comitiva governista e ajudou a entregar simbolicamente as chaves de uma ambulância que foi doada à secretaria municipal de saúde da cidade?.
Em 22 de janeiro de 2014 o Jornal Diário Povo trouxe a reportagem: ?Marcelo Castro cola em Wilson Martins em eventos no interior?. E na matéria diz: ?O pré-candidato a governador da base aliada, Marcelo Castro, segue uma agenda concorrida no interior do estado desde que seu nome foi oficializado como o possível sucessor de Wilson Martins no Palácio de Karnak. Colado no atual governador, o peemedebista tem participado de várias solenidades, como inaugurações de obras e assinaturas de ordens de serviços?.
Fato que compromete também o futuro do Piauí. Na oposição, estão os senadores Wellington Dias (PT), João Vicente (PTB) e Ciro Nogueira (PP) em torno do projeto continuado pela presidente Dilma Rousseff. E com coerência, pois grande parcela da população brasileira saiu da miséria, elevou a classe média e o Brasil é uma potência emergente aos olhos do mundo. Já a situação está juntando ?socialismo? canhestro com conservantismo do conservadorismo, visto que os três pré-candidatos da chapa oficial têm três presidentes distintos, assim, qual o projeto nacional que eles querem mesmo para o Piauí, o da Dilma, o do Aécio Neves ou do Eduardo Campos? Claro, nenhum. Eles querem somente se eleger. O Piauí voltou novamente a ser o Estado mais pobre da Federação, daí precisar mais do que nunca do governo da União. O governo estadual utiliza na logomarca o lema ?Piauí, Terra Querida? do Hino do Piauí criado pelo telúrico Da Costa e Silva, será que tudo isso é gostar do Piauí ou usufruir-se das nossas fragilidades institucionais para se perpetuar no poder? Façamos o julgamento.
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.