Uma reportagem que produzi em Pedro II para o suplemento Piauí, do Jornal Meionorte, que circulou neste domingo.
Quando alguém pensa que já viu tudo no Piauí em termos de criatividade, surgem novos lampejos criativos que lançam novos ares neste universo e reforçam o símbolo do povo criador do semiárido. Nesta atmosfera estão o artista plástico Adriano Araújo, a produtora de redes Maria Lucirene de Oliveira Farias e o joalheiro de opala, José de Ribamar de Oliveira, da cidade de Pedro II. Adriano, que também é escritor, faz um trabalho de reciclagem digno de prêmio que dá bons frutos durante o Festival de Inverno do município.
Com larga experiência em pintura ele recolhe nas redondezas de seu ateliê cacos de espelho, garrafas pet e cartelas de ovos para produzir utilitários para o lar; e reaproveita os pedacinhos de madeiras para a confecção de painéis coloridos que são vendidos por até R$ 80. Adriano explicou que um diferencial do seu trabalho é a valorização dos materiais simples e recicláveis.
?O objetivo de nosso trabalho é criar peças diferenciadas com material mais simples, acessível, reciclável e que não estejam disponíveis no mercado e em lojas convencionais. A gente usa garrafa pet, pedacinhos de espelho que iam para o lixo, aproveitamos cabo de vassoura aparentemente sem utilidade, cartelas de ovos; além disso, eu recolho os caquinhos de madeira para fazer painéis coloridos que são valorizados?, explicou Adriano.
O artista plástico de Pe-dro II mostra criatividade também na diversificação de produtos e serviços que oferece. Ele produz peças para a decoração de festas tanto de adultos como de crianças e faz esculturas de madeira retratando capoeiristas e figuras dos desenhos animados. Agora, com a copa, começou a fabricar bonecos de madeira da Seleção Brasileira e ampliou a produção dos símbolos dos times de futebol. Atua também fazendo peças por encomenda, o que ajuda a preencher os horários e conquistar nova renda.
Mas a arte e o negócio de Adriano, antes do apoio do microcrédito do Banco Rede Opala, que opera com a moeda social Opala, passaram por dificuldades. Com o aporte financeiro providente, o designer e artesão conseguiu dar o pontapé inicial no fortalecimento da base de suas atividades no município.
?Com a ajuda do banco, comprei tintas e madeira para começar. Não foi muito dinheiro como dos grandes empreendimentos, mas foi importante, veio no momento certo e na hora certa. Conseguimos fabricar algumas peças, pretendemos reelaborar o projeto e obter mais recursos no banco?, falou o artista plástico Adriano.
COM AJUDA, PRODUTORA DE REDES AMPLIA A ATIVIDADE
Quem também demonstra criatividade e força na produção de redes em sua residência é a artesã de Pedro II, Maria Lucirene de Oliveira Farias. Com o conhecimento na área, ela não se acomodou e buscou o apoio do Banco Rede Opala, que foi instalado em Pedro II para valorizar a economia solidária. Conseguiu um empréstimo de R$ 247 para comprar os tecidos utilizadas na produção das redes.
Ela disse que a criatividade do negócio consiste no correto uso dos recursos para transformar seu trabalho numa atividade promissora que, além de ajudar no sustento da família, gera renda para as famílias que atuam junto com ela em algum momento da confecção das redes.
?Esta ajuda do banco é muito importante para quem tem o trabalho próprio na residência. O dinheiro ajuda na compra de materiais e não é cobrado juro, já que o banco não tem fins lucrativos e que foi feito para apoiar os pequenos produtores. A gente vai pagando à medida que produz e comercializa. Vou recorrer novamente ao banco para aumentar a produção?, afirmou Maria Lucirene.
Quem também conseguiu dar uma boa arrancada no negócio foi o joalheiro de opala, José de Ribamar de Oliveira. Ele recorreu ao Banco Rede Opala para comprar matéria-prima para sua joalheria Com os recursos conseguidos comprou prata e produziu mais joias.
O artesão e empresário disse que é preciso que haja uma compreensão da sociedade de Pedro II sobre a importância do banco para os micro e pequenos empreendedores. ?O Banco Rede Opala, que não visa o lucro, é uma instituição comunitária que ajuda a desenvolver o comércio e os produtores. O banco é importante por fortalecer a economia local?, comentou.
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.