Reportagem publicada neste domingo pelo Jornal Meio Norte, que está desde bem cedo nas bancas em todo o Piauí e nas capitais brasileiras.
Djalma Batista - Editor do Piauí
Abrir um salão de beleza no Piauí até que é fácil, mas iniciar negócio semelhante em São Paulo, onde o aluguel é muito caro, é um desafio que a Família Ramos, natural do município de Anísio de Abreu (PI), encarou de frente e se deu bem. Hoje, o grupo tem três salões na capital paulista e dois no interior do Piauí. À frente dos negócios estão os irmãos Zé Ramos, Neto, Miguel, Nando, Delmano, Frank, Magno, Derê, Nando e Manu Ramos, gabaritados nesta área e que, a cada dia, atraem mais clientes e até a grande imprensa, a exemplo do jornal Folha de São Paulo.
Mesmo com o olhar sobre a clientela de São Paulo, a Família Ramos, vez por outra, volta o foco para a terra natal, o Piauí. Para os irmãos Ramos, algumas pessoas colocaram na cabeça que o mercado piauiense não oferece futuro para o setor, mas eles têm a ideia de investir mais no Estado por causa do sossego, dos espaços no mercado e da qualidade de vida.
O primeiro a dar o pontapé inicial foi o cabeleireiro Derê Ramos. Depois de vários anos em São Paulo, ele resolveu retornar a Anísio de Abreu, onde abriu o salão de beleza que é hoje uma das referências no atendimento ao público masculino. Ele afirmou que não está arrependido pela troca e justifica a escolha com uma matemática que inclui dois dos itens mais cobiçados hoje em dia, que é a segurança e a tranquilidade.
?Em São Paulo, o corte de cabelo, por exemplo, custa 35 reais e aqui no Piauí cobro apenas 6 reais. O problema é que lá o salão paga aluguel caro. Os custos para se manter um negócio são muito altos. Aqui, ganhamos em sossego, qualidade de vida e ainda faturamos muito bem. Tenho irmãos que estão em São Paulo que pensam até em investir no Piauí, derrubando a ideia equivocada de que o mercado piauiense não presta?, explica Derê.
-Jornal Folha de São Paulo mostra os piauienses em ampla reportagem
Por causa do trabalho elogiável que faz em seus salões de beleza em São Paulo, a Família Ramos ganhou destaque em revista que circulou na edição de domingo do Jornal Folha de São Paulo, no dia 17 de junho do ano passado. A publicação retrato os irmãos em reportagem intitulado ?Clã dos Cabeleireiros?, informando que os ?irmãos nascidos no Piauí disputam a clientela da Mooca?, importante bairro da zona leste paulistana, ?com três barbearias diferentes?.
De acordo com a revista, no salão dos Irmãos Ramos não há um dono. Com isso, os custos de alguel, contas de água, energia e telefone são rateadas entre todos. Assim, ?o lucro de cada um depende da quantidade de clientes que atendem?.
A revista lembra como tudo começou, revelando a história que poucos sabiam. O primeiro a abrir caminho em São Paulo para os outros irmãs foi o Kari Ramos, que foi cabeleireiro, colunista social, locutor de rodeio em cidades paulistas e que hoje ajuda a organizar a festa do Vaqueiro em Jurema e tem um programa numa rádio em Anísio de Abreu. Antes do sucesso nos salões de beleza, Kari trabalhou numa fábrica de brinquedos. No dia 20 de janeiro de 1980, ele foi a um baile no Clube Juventus, onde a entrada garantia a participação em um sorteio.
Por um golpe de sorte, ele ganhou um Fiat 147 que, na época, estava avaliado em R$ 26 mil. Vendeu o carro e comprou o salão do chefe. A partir daí encaminhou todos os irmãos para profissão de cabeleireiro que era e ainda continua sendo muito rentável. Na entrevista à revista, Derê reforçou aquela história lá do início da reportagem sobre sossego. ?Aqui os Ramos dominam a Mooca, mas em Anísio de Abreu nós somos os melhores da cidade inteira e eu ainda posso dormir depois do almoço, ôxe?, falou em sotaque nordestino inconfundível. (D.B. )
-Para cabeleireiro, salão na cidade é o canal das notícias
Sempre bem humorado e interessado nas notícias, Derê Ramos afirma que seu salão de beleza em Anísio de Abreu funciona quase como o jornal da cidade. Segundo ele, o local recebe muitas pessoas diariamente e todos os assuntos são comentados pelos clientes.
?Numa cidade de pequeno porte como a nossa, o salão, meu amigo, é o jornal. Aqui sabemos de todos os acontecimentos. Qualquer assunto chega aqui. Agora, temos é que saber filtrar para não virar fuxico?, diz, sorrindo. Ele disse que na cidade, embora não tenha a publicação ou veículo de comunicação, é concorrente do jornalista
Derê fala sobre um detalhe que todos querem saber em relação ao nome dos Irmãos Ramos. Segundo ele, a abreviação dos nomes se deve a um costume dos clientes paulistas. Segundo ele, o consumidor dos serviços dos salões lá, ao invés de procurar pelo Francisco, passou a chamá-lo de Frank, o José Iremar, de Zé Ramos; Genésio Neto, de Neto; Valdemar, de Derê; e Manoel, de Manu. ?Já o Ildemar, que é o pioneiro da cidade a abrir salão em São Paulo, foi batizado pelos clientes como Kari Ramos quando passou a morar e trabalhar no Rio de Janeiro?, explica Derê.(D.B.)
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