Mais que uma Igreja restaurada, realiza-se um sonho em nossa terra!

Mais que uma Igreja restaurada, realiza-se um sonho em nossa terra!

Neste domingo 01 de Novembro  foi a inauguração da igreja Matriz e a chegada do  Padroeiro São Gonçalo onde  reuniu muitos fies pra receber  São Gonçalo.

Todos estavam esperando  pra da boas vindas na ametista saída pra Piracuruca

E em seguida saíram em procissão  na Av: Coronel Messias Melo até a igreja  onde já tinham  algumas pessoas  o aguardando , Quando  chegou a procissão já  teve a missa com o Pároco de Esperantina Evandro e logo após teve abertura das portas da igreja pra população entrar e conhecer por dentro como ficou  a construção  depois de concluída.

E antes que os homens sonhassem Batalha, antes que as minas de ametistas revelassem a solidez deste povo, São Gonçalo escolheu um “lugar síntese” das riquezas e do jeito de ser do povo batalhense para de lá recolher todas as lágrimas e alegrias de sua história: alto da matriz. Nosso orgulho maior: Igreja matriz de São Gonçalo do Amarante, padroeiro de Batalha!

Concluída em 1814, na época erguida em estilo Barroco, uma das mais belas da região dos cocais, a Igreja de São Gonçalo é uma mãe de 200 anos, completados em 2014. Idade suficiente para ser muito amada pelos batalhenses, uma mãe quanto mais velha, mais deve ser amada pelos seus filhos. Que devem cercá-la de carinho e cuidados. Esta comparação deveria ser muito bem assimilada por todos nós nascidos nas Terras de São Gonçalo! Esta casa de oração erguida no alto da colina estava a anos pedindo socorro!

A Igreja matriz de Batalha constitui um tecido essencial de memórias e de identidades, profundamente caracterizador do território e das suas gentes ao longo desde 200 anos em que está edificada no coração antes da vila, hoje cidade, que atende pela feliz cunha de um epíteto: Batalha de São Gonçalo! Coincidindo na afirmação do inestimável valor religioso, histórico, artístico, cultural, simbólico e patrimonial dessa gente, desde o memorial 1794, ano do inicio da construção desse templo católico, culminando com a conclusão da então majestosa casa de culto, cujo orago, por capricho de seus coloniais fundadores, foi confiado ao padroado de São Gonçalo de Amarante.

A incompreensão por parte do clero da época, das reformas operadas pelo Concilio Vaticano II, culminou com um projeto devastador, que infelizmente descaracterizou-a, no seu interno, quase que totalmente, a beleza do altar mor, das pinturas no teto, e do rico mobiliário sacro, deu lugar a uma readaptação que mais se parecia com um “barracão sacro”.

O certo é que a comunidade católica sempre nostalgicamente quis uma volta ao passado, o que é sumamente compreensível, uma vez que a agressão à Fé, também se entende como agressão aos símbolos, e em se tratando de um templo tão belo, como as fotografias da época nos dão conta de mostrar, não era para menos.

Uma criteriosa e exigente intervenção, visando a recuperação ou mesmo readequação do espaço sagrado, já foi tentativa de diversos párocos que passaram pela Matriz de São Gonçalo, uns apenas para acudir as situações de mais evidente degradação, porém, pouco se fez para alcançar a capacitação de recuperação de seus monumentos principais, talvez dada a carência de recursos da comunidade, aliada a sua pobre consciência histórica, do valor do dito templo. Muitas tentativas, e honrosas iniciativas foram postas em prática, contudo, sem grande expressão!

O certo é que de alguns anos para cá, graças a Deus, através de uma qualificada intervenção de recuperação e conservação de valores patrimoniais inestimáveis, presentes na concepção pastoral e artística dos últimos párocos, se começou a aguçar na memória coletiva católica local a importância da preservação e recuperação do templo católico de maior expressão na cidade.

Pe. Evandro Alves, último administrador paroquial, sacerdote de inestimável valor pastoral, e administrador de mão cheia, deu o ponta pé inicial, numa campanha de sensibilização e implantação de um projeto que visa, através da co-responsabilização de todos os atores intervenientes, promover a estima coletiva e o cuidado partilhado em face de um patrimônio profundamente identitário, plural e multifacetado, memória viva de um povo. Seu gênio visionário surtiu efeito, e a comunidade abraçando a iniciativa, tomou partido numa luta grande de tentar devolver ao povo católico o brilho e beleza de seu templo.

Campanhas as mais variadas foram feitas, sacrifícios de deslocamentos para locais adaptados para o culto cristão, (ginásios de esportes, capelas) dividindo o sacro com o profano foram feitos, pois por diversos meses, que somadas as duas intervenções, a da recuperação do teto, e da agora troca do piso e do forro, seguramente superam um ano, todo este ir e vir do povo de Deus, raça sacerdotal, foi abraçado pela comunidade, visando maior conforto e dignidade litúrgica, para o espaço que abriga o sobrenatural e reúne em assembleia os crentes no mistério, que se congregam para celebrar os acontecimentos de sua fé e a Eucaristia dominical.

O certo é que a comunidade católica pode voltar a sentir o pulsar do coração de sua cidade, que bate forte quando estamos dentro, fora ou mesmo no entorno desse lugar tão preenchido de memórias e presenças, a nossa querida Igreja matriz. Sintamo-la como as passagens da Escritura: Como “casa de oração para todos” (Is 56,7) e como “morada de Deus com os homens” (Ap 21,3). Sentimo-nos a nós próprios nela, como nos declarou São Paulo: “sois templo de Deus e o Espírito de Deus habita em vós”. (1 Cor. 3, 16; 6,19).

Não foi possível, a recuperação dos espaços originais, que expressavam a riqueza do Barroco português do século XVII, como é o meu sonho, e não quero morrer sem antes ver isto, mas muito se fez! A troca do telhado, o forro, mesmo que de gesso, quando o ideal seria madeira, mas dado o valor elevado, terminou-se optando pelo gesso, mais acessível aos recursos da comunidade, a troca do piso, que se apresentava já bastante dissonante com o estilo novo assumido pela arquitetura do templo e de gasto uso, foi decisivo para optar-se por outro material.

Também o altar não foi recuperado na sua originalidade, pois nada restou do antigo, além de algumas fotografias, o que se tentou foi uma adaptação aproximada dos espaços de nichos e ornamentos barrocos, longe, porém, da beleza original, mas algo sem dúvidas com maior dignidade e beleza para o espaço litúrgico, do que o anterior que perdurou desde a descaracterização, com alguns acréscimos até a presente adaptação.

Sugiro que o próximo passo na busca de alcançar pelo menos os traçados mais originais seja a recuperação das janelas e portas do frontispício da matriz, fotografias antigas nos dão noticia que eram totalmente diferentes, as janelas ogivais, e portas formam atualmente um único desenho, quando o original traçava uma janela, acima das portas em ambos os lados, bem como a retirada definitivas das pedras que cobrem as colunas laterais e adornam as janelas, e fazem uma espécie de rodapé à meia parede em todo o prédio, que são de péssimo gosto artístico, para voltar ao original, conforme as fotos antigas a representam, onde predominava o branco, sugerindo a leveza da construção e a sobriedade dos tons!

Tal empreendimento não será caro, e nem deve suscitar polêmica, pois o que se fará não será acréscimo à originalidade da arquitetura, mas antes esforço de recuperação dos seus traçados originais, como o que ainda se pode recuperar e voltar a ser tal como era; mesmo que as gerações atuais, incluindo a minha, não tenham conhecido outra imagem senão a atual, nenhum que age com bom senso será capaz de polemizar, diante de uma atitude de recuperação de uma herança de nossos antepassados, tal como eles deixaram e legaram ao futuro!

Lugar de refúgio de tantos de nós, em momentos de rara beleza e espiritualidade e expressão de nossa fé, a Igreja de São Gonçalo, é um ícone não só da beleza de nossa arquitetura, suas paredes e torre falam dentro de nossos corações e sonhos.

Quantos de nós ali na sua pia batismal não fomos batizados, quantos ali diante de seu altar, não selaram a sua união matrimonial, ou no seu patamar começaram os namoros que terminaram por assinalar que tinham encontrado a sua alma gêmea?

Quantas vezes ali em momentos de perda dos nossos entes queridos, nossa alma não foi consolada pela oração pelos nossos parentes, que partirão para a casa celeste?

Quantas belas procissões ali já participamos? Quantos de nós dentro desse templo não recebeu o Cristo pela primeira vez na Eucaristia, na celebração tão emocionante de nossa Primeira Comunhão? Sem falar no dia inesquecível de nossa Crisma? Quantos não saíram dali alimentados pela Palavra Santa de nosso Deus, anunciada em seu púlpito?

Acrescente se a tudo isto o espetáculo de rara beleza que em todos os anos presenciamos: o patamar salpicado de gente, com suas velas e corações acessos olhando para o mastro que se ergue majestoso que é erguido por braços de todas as cores e força de tanta gente, tão diferentes e tão iguais, a erguer o mastro verde da cor da esperança de nosso povo tendo no cimo a sagrada bandeira que imponente no mastro tripudia, anunciando a quem passar pelo adro da matriz que a Batalha está em festa.

Ou mesmo o ribombar do sino que nunca sai de nossos ouvidos, mesmo com o passar dos tempos quando os nossos ouvidos não são mais os mesmos?

Quando há mais de 200 anos, em 1794, chegou aqui um grupo de portugueses para edificarem a sua presença entre nós pensaram logo em edificar uma Igreja, um templo, sinal visível de sua fé, de filhos da Igreja Católica, num contexto de colonização sem dúvidas, porém, faziam algo que estava para além de suas intenções, algo que se projetaria nos tempos!

Hoje, com a alma em festa e o coração cheio de gratidão, o povo católico da cidade acorre para agradecer a Deus por esta história de amor por nós! Eu os convido todos a olharem por um instante a torre da matriz! Ali se ergue a Torre, a mais alta e a mais bela, como Torre padroeira da Cidade de Batalha a apontar o Céu e a iluminar a Terra, com os ponteiros de seu relógio apontando para o infinito.

Ao olhar para a Torre da velha matriz, a Cidade vê-se melhor a si mesma. Ao subir à Torre, sonho de todo menino que nasce nestas terras, vê-se melhor, a partir do alto, o Mundo que nos rodeia. Ao entrar na Igreja agora bicentenária e reformada encontramo-nos com Deus e descobrimos como Deus nos ama!

Que todos nós sensíveis e abertos, amigos de caminhada, sejamos capazes de tudo pôr em comum e viver construindo uma humanidade nova, uma Igreja mais autêntica, mais enternecida, que mostre o rosto de Cristo, bom pastor às pessoas desanimadas e sofredoras, fazendo uma ponte de comunhão entre a Igreja templo, bela sem dúvidas, mas que reclama sempre a beleza da Igreja-Povo de Deus a caminhar nos desertos da História, guiados pelo novo Moisés, vivo e vencedor, Jesus Cristo, razão de ser da Igreja templo e Igreja povo!

Parabéns Pe. Oscar pela continuação do projeto de reforma e restauro de nossa matriz, parabéns povo católico de Batalha, que com suor e muita garra assumiu a duras penas, mas com o coração cheio de gratidão, dando o que podia para o sonho se realizar, mais que uma Igreja restaurada, realiza-se um sonho em nossa terra!

Sejamos, finalmente, como esta igreja de São Gonçalo é no coração desta cidade e de sua gente. Algo discreta e imponente numa ladeira, surpreendente depois na harmonia das formas, na transfiguração das luzes e na beleza do som – quando se celebra a Liturgia, quando se tocam os instrumentos, quando acolhe tão bem.

Eu bato palmas, muito feliz. Gosto de São Gonçalo. Sou apaixonado pela sua igreja matriz.

Assessoria de Comunicação (PMB)

Fotos: Lauro Vieira



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

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