Duas importantes rodovias no litoral do Piauí estão com tráfego comprometidos devido o avanço de dunas. No trecho da PI-116, que dá acesso as praias do Macapá e Maramar dentre outros povoados da zona rural de Luís Correia, ainda é possível passar mesmo que com dificuldades. Realidade diferente na estrada que interliga a BR-343 a Lagoa do Portinho em Parnaíba, onde o asfalto já foi completamente tomado pela a areia.
Segundo informações, tanto em Luís Correia como em Parnaíba, as prefeituras destinam equipes para os locais e chegam a retirar toneladas de areia da pista toda a semana. Além do perigo da areia na rodovia, a duna na PI-116 está localizada exatamente em uma curva acentuada, o que dificulta a visibilidade dos motoristas.
"Encaminhamos um ofício para a direção geral do Departamento de Estradas e Rodagem do Piauí (DER-PI) conscientizando da situação que toda a região iria passar em consequência desses ventos. É uma área muito delicada, que envolve várias secretarias", afirmou o secretário de infraestrutura de Luís Correia, Fernando Soares.
B-R-O-BRÓ dos ventos
O avanço das dunas é atribuído aos fortes ventos no litoral, que de agosto a dezembro aumentam sua velocidade e consequentemente o problema. Segundo os moradores da região, o trabalho realizado pelas prefeituras é quase que em vão. Os anos passam e o transtorno volta a acontecer. A situação na estrada que dá acesso a Lagoa do Portinho, em Parnaíba, é até pior do que na PI-116. Por lá, uma imensa duna já ocupou 100℅ do asfalto, e quem tenta passar, acaba desistindo.
"O nosso objetivo hoje é remover totalmente esta duna na Lagoa do Portinho. Isso em parceria com as prefeituras e outras instituições do estado. Ali, já há outra duna por baixo que foi realizado um projeto de contenção", explicou o coordenador regional da Secretaria Estadual do Meio Ambiente em Parnaíba, Rarisson Albuquerque.
Ainda sobre a duna da Lagoa do Portinho, o comerciante Aloísio Soares afirma que já houve um projeto de contenção de 13 dunas e atraiu olhares até de uma emissora de televisão dos Emirados Árabes. Ele relata que o investimento não deu muito certo e o problema, em pouco tempo, voltou a existir.
"Houve um projeto de contenção das dunas, onde foi feito uma licitação de quase cinco milhões de reais. Ao meu ver foi um serviço muito mal executado. A empresa contratada realizou um trabalho em pequenas áreas, realizava fotografias e divulgava na imprensa, inclusive em uma televisão do exterior. Mas tudo não era verdade. A bio-manta não teve resultado, pois quando eles colocaram em cima da areia, o próprio vento se encarregou te tirar em questão de minutos", afirmou o comerciante Aloísio Soares.
A poucos metros da lagoa, na comunidade Portinho, o MeioNorte.com visitou outra duna. Nela, mesmo com o vento forte, a areia permanece parada. Esse é um exemplo claro de contenção de dunas, feita pelos próprios moradores que se sentiram ameaçados pelo grande avanço. Todo o processo na localidade foi liderado pelo agricultor José Rodrigues Monteiro, que sabe como ninguém como "matar" uma duna.
"A gente cobre toda a área com cascas de coco, de maneira que o vento não possa mais tirar a terra. É uma solução simples que só necessita de coragem para trabalhar", disse o agricultor.
FOTOS NA LAGOA DO PORTINHO:
Por Kairo Amaral
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