A farinhada é uma das manifestações culturais bem antiga do Nordeste. A cultura da farinhada mesmo tendo perdido o seu potencial de tradição, ainda continua. Essa diminuição acontece porque os mais novos, geralmente ao completarem sua maior idade vão para os grandes centros em busca de trabalho e de uma condição de vida melhor. Outra situação que tem contribuído para a diminuição dessa cultura é o período invernoso ter diminuído, o que diminuiu a produção da mandioca e de outros produtos da agricultura familiar, principalmente na região semiárida.
Seu Antônio José, um senhor já de uma idade acima dos 60 anos, atualmente residindo na comunidade Capuamo de Baixo, continua sustentando essa tradição de seus familiares, que já vem de longas datas. São 20 anos aproximadamente que realiza farinhada.
“Estou morando aqui no Capuamo há 12 anos, mas continuamos preservando essa cultura, que já vem de meus pais, embora com algumas dificuldades a começar pelo plantio, com a dificuldade de cuidar e a própria chuva que tem diminuído na nossa região, até o momento de fazer a farinhada. Não está fácil encontrar pessoas que queiram trabalhar em farinhada, além da diária tem a alimentação, merenda que fornecemos a eles, durante os dias, que nos últimos anos tem sido poucos. Mesmo com todas essas dificuldades, o valor investido para fazer uma farinhada compensa, porque tudo que é produzido é abençoado por Deus”. Disse, seu Antônio José.
A farinhada serve de intercâmbio entre as famílias da comunidade, gerando receita por meio da mão de obra. Geralmente acontece entre os meses de julho a agosto de cada ano e da mandioca se aproveita tudo, inclusive a casca e crueira, que serve de alimentação para os animais e ainda tem seus derivados que são, a farinha, goma, massa e puba.
Para a realização de uma farinhada é preciso contar com pessoas em funções diferentes, sendo, o arrancador, responsável por arrancar a mandioca, a pessoa que transporta até o local da farinhada, a descascadeira, responsável em descascar, anteriormente tinha o puxador de roda para torcer o ralador, hoje substituído pelo motor, o prenseiro, responsável por prensar a massa, a pessoa responsável em colocar água, a lavadeira, responsável em lavar a massa e a água da massa quando em repouso fica a goma, que é feito o beiju, bolos, etc, o forneiro, responsável para torrar a farinha e por ultimo a pessoa responsável em fazer a merenda e o almoço.
Na oportunidade, aproveitamos para fazer um registro desse momento que está cada vez mais difícil.
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