É fato comprovado que as doenças que acometem a cavidade bucal são de origem infecciosa. Dependendo de fatores tais como a dieta e a remoção mecânica regular da placa bacteriana, o tipo de microrganismos predominante na cavidade bucal pode variar.
Em indivíduos que mantêm uma adequada higiene oral e fazem uso comedido de açúcares, a microbiota predominante pode ser menos patogênica, podendo o indivíduo possuir placa, e ainda assim ter saúde.
Todavia, quando a remoção mecânica da placa é deficiente e a utilização de alimentos ricos em açúcares é freqüente, ocorre uma seleção para certos organismos patogênicos e a placa se torna mais virulenta, podendo resultar tanto em lesões de tecido duro (cáries), quanto de tecido mole (doenças periodontais).
Alguns estudos têm demonstrado que as infecções periodontais podem não só promover alterações bucais como também interagir com o organismo, ocasionando agravos sistêmicos.
A evidência dessa associação resulta na tentativa de mapear características pessoais relacionadas à prevalência da doença periodontal, que representa a segunda entidade com maior incidência no sistema mastigatório, configurando se como um importante problema de saúde (Trentin et al. 2007).
Tais infecções são divididas em dois grupos: as gengivites e as peridontites. A periodontite, uma das mais freqüentes, é uma doença inflamatória e infecciosa que afeta o periodonto (conjunto de tecidos que circundam e sustentam o dente) causando perda progressiva da inserção conjuntiva (fibras que unem o osso ao dente) e podendo ocorrer em indivíduos saudáveis de qualquer idade (Louro et al. 2001).
Na gengivite apenas os tecidos moles da gengiva são alterados, e mesmo não existindo uma comprovação inconteste, pode-se dizer com muita segurança que se uma gengivite não é tratada, o processo patológico tende a atingir os tecidos duros e, gradativa ou abruptamente, eles são alterados, constituindo-se numa periodontite, nesse contexto, estudos epidemiológicos têm estabelecido que essa patologia têm demonstrado uma inter-relação com parto prematuro e bebês de baixo peso, durante a gestação.
Os fatores etiológicos como: a idade materna inferior a 18 e superior a 34 anos; nível socioeconômico baixo, condições de vida precárias, níveis baixos de instrução e assistência pré-natal deficiente; uso de drogas, álcool e tabaco; estresse materno, assim como infecções bacterianas têm sido fatores determinantes para ocorre esse inter-relação. Estes Todavia, 25 a 50% dos casos de nascimentos prematuros e com baixo peso ocorrem sem qualquer etiologia conhecida (Martins et al.8 2000).
As infecções bucais, como a periodontite, constituem uma fonte significativa de infecção e inflamação durante a gravidez ao observa se que as mães de crianças prematuras e de baixo peso ao nascer apresentavam quadro mais severo de periodontite, quando comparadas com mães cujos filhos tinham nascido com peso e idade gestacional adequados (Offenbacher et al. 1996).
As infecções periodontais, que servem de reservatórios para microorganismos, podem ser uma ameaça para a unidade feto-placentária. Bebês prematuros que nascem com baixo peso constituem um problema social de saúde pública importante mesmo em países industrializados.
Autor: Thiago Lopes Galvão Amaral
Referências Bibliográficas
1. LOURO, P.M. et al. Doença periodontal na gravidez e baixo peso ao nascer. Jornal de Pediatria - Vol. 77, Nº1 , 2001.
2. TRENTIN, M.S et al. Doença periodontal em gestantes e fatores de risco para o parto prematuro. RFO, v. 12, n. 1, p. 47-51, janeiro/abril 2007.
3. OFFENBACHER, S. et al. Periodontal infection as a possible risk factor for preterm low birth weight. J Periodontology 1996; 67:1103-13.
4. MARTINS MG, BARROS RPA, Tabordas W. Infecções e prematuridade.
Fermina 2000; 28(7):377-9.
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