Falta de médicos dificulta atendimento no hospital

Falta de médicos dificulta atendimento no hospital

Marta Soares

O Hospital Regional Justino Luz precisa de profissionais no setor de obstetrícia, anestesia, ortopedia e pediatria.

Fonte: Folha Atual Foto: Marta Soares

Hospital Regional Justino Luz

Um hospital regional construído há mais de 35 anos, que atende toda a cidade de Picos e cerca de outros 40 municípios da macrorregião, está localizado na Praça Antenor Neiva, bairro Bomba, o Hospital Regional Justino Luz ? H.R.J.L. é um hospital cuja gestão é municipal.

O Hospital Regional Justino Luz passou a ser administrado pelo médico José Aírton Bezerra, que assumiu o cargo de diretor em maio de 2011, após nomeação do governador Wilson Martins. Nas palavras do diretor, o Hospital Regional Justino Luz é o grande guardião da saúde da região de Picos, mas é uma obra feita há mais de 30 anos, é obsoleto e está muito aquém das necessidades da macrorregião de Picos.

?Quando eu assumi a direção do Hospital Regional Justino Luz, ele passava por uma crise de gerenciamento e ao chegarmos aqui fizemos algumas alterações e melhoramos muito o atendimento médico, mas melhorar é uma coisa e estar dentro do que se almeja, é outra?, diz José Aírton.

Segundo o diretor, foram feitas inúmeras requisições para o Governo do Estado solicitando a ampliação do hospital. O médico e diretor diz que mesmo com a construção de um novo hospital ? localizado às margens da BR 316, é preciso que seja dada a atenção necessária ao Hospital Regional Justino Luz, pois as obras deste novo hospital são constantemente paralisadas e o atendimento público não pode esperar.

O Hospital Regional Justino Luz deve atender exatamente urgência e emergência, já que existem os Programas de Saúde da Família. ?Em função do sistema básico de saúde, o PSF às vezes não funcionar a contento, essas pessoas que precisam de atendimento migram para o hospital em busca de atendimento, mas migram para fazer um atendimento básico, o que gera uma demanda muito grande no hospital e consequentemente, a escassez de médicos?, diz José Aírton.

O maior problema do Hospital Regional Justino Luz, segundo a direção, é um problema persistente e pontual: a falta de médicos para os plantões. ?No quadro do hospital haviam 66 médicos, a grande e imensa maioria estavam de licença ou em fase de aposentadoria, com isso, os concursos que foram feitos não permitiu alocar os médicos e paramédicos em quantidade suficiente. Nós só adquirimos neste último concurso praticamente 04 médicos e ainda sim, um deles tomou posse e nunca apareceu aqui. Resultado: continuamos carecendo de médicos de várias especialidades?.

Exemplificando a falta que fazem os profissionais especializados, José Aírton diz que a UTI semi intensiva do Hospital Regional Justino Luz funciona praticamente como uma UTI intensiva. ?É uma semi intensiva, só que nós carecemos de plantonistas que possam acompanhar os pacientes desta semi intensiva, pois precisa do acompanhamento praticamente continuo de um médico e nós não o temos?.

O Hospital Regional Justino Luz precisa de profissionais no setor de obstetrícia, anestesia, ortopedia e pediatria. ?Mesmo com a carência, estamos otimizando o trabalho com o que nós temos?, afirma Aírton. Segundo levantamento feito pelo Hospital Regional Justino Luz, para ter um atendimento considerado muito bom ou excelente, seriam necessários 11 profissionais de plantão por dia. ?Nós andamos longe disso. Precisaríamos ter pelo menos 30 profissionais a mais para atender urgência, emergência, pacientes internados e a semi intensiva?, lamenta o médico. Dando um exemplo prático, José Aírton diz que em Picos existem apenas 04 anestesistas para atender a toda a demanda da região.

Durante este mês de janeiro, o Hospital Regional Justino Luz conta com um anestesista de plantão as sextas, sábados, domingos, segundas, terças e quartas-feiras, mas que segundo o diretor é um profissional proveniente de Teresina. Nas quartas e quintas-feiras é que os anestesistas do quadro de médicos fazem plantão. ?Nosso problema são as licenças. Um está de licença por ser prefeito, outra é licença-gestante e aí nós só ficamos com dois para cobrir os dois dias?, declara José Aírton.

O diretor afirma que muitas vezes compara o trabalho da equipe que administra o Hospital Regional Justino Luz, como o de uma equipe de bombeiros, ?apagando fogo a cada instante?. O problema é de conhecimento da Secretaria Estadual de Saúde, como conta José Aírton e também é de conhecimento do novo gestor municipal, o prefeito Kleber Eulálio e a atual secretária de saúde, Ana Maria Menezes Neiva Eulálio.

O Hospital Regional Justino Luz realiza cerca de 8 mil atendimentos e 3 mil procedimentos cirúrgicos mensalmente. ?Praticamente a metade dos procedimentos cirúrgicos realizados no Hospital Regional Justino Luz, são da ortopedia, causados principalmente por acidentes de moto?, afirma José Aírton.

Quando o regional não tem como solucionar algum trauma, o paciente é encaminhado para Teresina, onde receberá o atendimento necessário: ?mandamos para Teresina apenas os casos de trauma de cabeça e coluna, o neuro-eixo como chamamos na medicina e nós só temos na verdade, efetivamente, uma ambulância neste hospital. Temos outra, mas que não tem mais as condições de uma boa viagem e usamos para levar pacientes que vão fazer exames dentro da cidade?, informa o diretor.

Com apenas uma ambulância em condições para transferir os pacientes para Teresina, o Hospital Regional Justino Luz, mostra que está cansado e que precisa de atenção e investimento. Segundo José Aírton, lhe foi repassado que o Hospital Regional Justino Luz receberá mais investimentos. A saúde atualmente é de responsabilidade plena do município. ?O novo prefeito de Picos, Kleber Eulálio já demostrou uma excelente boa vontade. Saúde é cara e boa saúde é mais cara ainda?, diz.

Segundo o diretor, a Prefeitura Municipal de Picos deveria repassar R$ 500 mil reais ao Hospital Regional Justino Luz, mas estava sendo repassado cerca de R$ 400 mil reais e para o setor de reabilitação também deveria efetuar repasse e não o fez. Já o Governo de Estado cobre toda a folha de pagamento dos funcionários efetivos e repassa de R$ 100 a 150 mil reais, mas segundo o diretor, para suprir totalmente as necessidades seria preciso mais de R$ 1 milhão de reais.



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

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