Ozimar Caetano dos santos, residente na comunidade São José, Data Mesquita ou Barracão, deste município, filho de Eva Maria da Conceição dos santos e Jaime Caetano dos santos, nasceu no dia 16 de abril de 1978, começou a estudar na Escola Rural José Antônio Filho, no Bamburral ou Barracão, no ano de 1987, aos 09 anos de idade e lá cursou do 1º ao 4º ano, na linguagem atual.
No ano de 1990, matriculou-se no 5º ano, Unidade escolar, Joanita Piauilino, devido à escola de sua comunidade não oferecer essa série na época. No Joanita, cursou o 5º, o 6º, ano e metade do 7º, porém, com a morte do seu pai, em 1993, tomou a decisão de parar de estudar para se dedicar a cuidar de algumas coisas materiais que seu pai deixou. Um fato curioso é que esse tempo em que ele estudou no Joanita o seu transporte escolar era uma bicicleta do seu irmão e, uma vez a bicicleta quebrou e ele caminhou uma semana a pé.
Em 1995 resolveu ir passar uma temporada em Brasília por necessidade de realizar uma cirurgia e, ficou lá até o primeiro semestre de 2001, porém sentia que faltava alguma coisa em sua vida - o estudo. Nessa época, o prefeito Onário Guimarães havia conseguido recursos para a contratação de transporte escolar, fato que o fez, voltar de vez e retomar os estudos.
Como havia passado 07 anos parado e já estava atrasado para a série do ensino regular, resolveu matricular-se na Educação de Jovens e adultos, no antigo Dirceu, atual centro administrativo, porém, como o primeiro semestre já havia terminado, a direção falou que ele só poderia frequentar a escola como ouvinte, ou seja, não podia matricular-se, mesmo assim ele resolveu encarar. Com o passar do tempo, os professores, através das notas e dedicação que o mesmo demonstrava, perceberam que ele tinha total capacidade de se matricular na 5ª/6ª série, e propuseram a direção da época, que fizesse um teste no fim do ano para ver se ele tinha mesmo condições de estudar essa série. Ele lembra que uma das professoras que se empenharam em pedir a direção para fazer uma atribuição de notas - professora Joelma Fernandes. O teste nem foi feito, pois a direção e os professores entenderam que ele tinha totais condições de cursar aquela série e a série seguinte.
Estudou no Dirceu de 2001 a 2003, fazendo a 5ª/6ª, 7ª/8ª e 1º ano do EJA, cursando o 2º e o 3º ano, regular no Centro de Ensino Médio José Soares, concluindo em 2005, aos 27 anos de idade.
Durante a sua juventude, quando lhe perguntavam qual profissão pretendia seguir, falava que queria ser professor e quando perguntavam o porquê, o mesmo respondia que era pelo simples fato de poder fazer a diferença na vida de alguém, assim como os seus professores fizeram na sua, por isso, ainda em 2005, prestou vestibular apara Letras Português, e de quarenta vagas oferecidas pela UESPI, passou em 13ª colocação. Mesmo passando no vestibular em uma Universidade Pública, decidiu que não iria estudar, pois não tinha condições de arcar com os custos de transporte e estadia. Porém, a sua mãe, dona Eva, a quem ele disse que deve tudo que é hoje, falou que bancaria tudo e assim foi, ele se dedicava a cuidar das coisas de casa e sua mãe custeava as despesas da faculdade.
Como fez desde que voltou a estudar, trabalhava durante o dia e estudava durante a noite, fazendo as tarefas, muitas vezes na roça, no intervalo do meio dia.
Começou a estudar em Bom Jesus em 2006 e, assim como outros amigos de Redenção, passou por vários perrengues na trajetória para Bom Jesus, inclusive, andando 17 pessoas em uma Combe.
Na metade do semestre em 2010, ainda cursando a faculdade, passou em um Concurso Público da rede estadual, para a cidade de Guaribas, ainda então desconhecida, nesse mesmo ano passou no teste seletivo do Estado e começou a trabalhar como Professor em Redenção.
Quando perguntado por que fez um concurso para uma cidade tão distante, o mesmo falou que às vezes a falta de confiança em si mesmo, acaba atrapalhando e, foi por causa dessa desconfiança que fez o concurso para tão longe, só depois percebeu que parece que muitos tinham tido a mesma ideia e, que sua nota teria dado para passar em todas as cidades circunvizinhas.
Graduou-se em março de 2010, Letras Português, aos 32 anos e no mesmo mês começou a frequentar um curso de especialização em Redenção, terminando em julho de 2011, se especializando em Gestão e Supervisão escolar, pela faculdade FLATED, representada em Redenção por Maíres Amorim, (Bili).
Nas férias de 2011, indo à Brasília, resolveu fazer a prova de um teste seletivo, sendo classificado, mas não fora chamado, pelo fato de na época haver uma briga, pois havia milhares de professores que tinham passado em um concurso e o governo tinha que chamar primeiramente os concursados.
Em 2011, passou em um concurso na cidade de Monte Alegre, para lecionar nos Paus. Em 2012 a prefeitura de Monte alegre chamou os concursados e ele, assim como outros de Redenção, assumiu. Após um mês de trabalho, o governador do Estado resolveu convocá-lo, fato que o deixou muito confuso, se ficaria trabalhando pelo município de Monte Alegre ou se mudaria para a cidade de Guaribas. Então foi aconselhado por alguns professores a ir assumir o emprego do estado, então largou o emprego dos Paus e o de celetista em Redenção e mudou-se com a família para aquela cidade, cidade essa que lhe recebeu de braços abertos, e segundo ele, fez lá muitas amizades, que lá não lhe faltou nada, sendo lá, um lugar de gente muito receptiva, inclusive, a pessoa que arrumou tudo para ele, principalmente a casa para morar, o conterrâneo Leonel, irmão da Professora Inocência Fonseca, filho de dona Zezé, a quem ele aproveita para agradecê-los.
Morou em Guaribas dois anos: 2012 e 2013 foi quando resolveu voltar, mesmo tendo uma ótima estrutura de trabalho à sua disposição, devido a escola ser integral, ( integral mesmo), porém o mesmo relatou que o fator decisivo de sua volta, foi o fato de pretender voltar para perto dos seus familiares, inclusive, sua mãe.
Em 2013, foi convidado por uma representante da faculdade Ouro Preto a lecionar nessa faculdade, porém como o mesmo já trabalhava 05 dias por semana e pelo fato de cada final de semana teria que viajar para lecionar em lugares diferentes, resolveu não aceitar o convite e, além disso, tinha resolvido voltar para sua cidade e, assim o fez.
Quando perguntado o que diferencia a educação de outrora com a de hoje, revelou que, mesmo durante o ensino médio, as escolas não possuíam livros, internet, quadro acrílico e outros, mas mesmo assim ele foi capaz de aprender, pois em casa aprendeu desde cedo que tinha uma responsabilidade a cumprir e procurava fazer da melhor maneira possível, falou também que como professor, hoje sente que muitos pais, não fazem o acompanhamento de seus filhos na escola, não que eles devam está lá todos os dias, mas que precisam acompanhar os mesmos, não só para ver questão de comportamento ou notas, mas para cobrar da escola, melhores condições de infraestrutura, merenda de boa qualidade, empenho dos professores e equipe administrativa, enfim, firmar uma parceria com a instituição.
Disse ainda que com todas as facilidades que os alunos têm hoje para aprender, está cada vez mais difícil educar, pois existem casos em que o filho sai todos os dias de casa, dizendo que vai a escola e, muitas vezes, nem lá pisa, por isso é que a presença do pai na escola é tão importante, pois muitos pais só vão lá, no dia de fazer a matrícula do filho. Disse que a sua maior esperança é que pais e escola entendam que têm algo em comum, e precisam caminhar unidos, os pais educando ainda mais os filhos em casa, acompanhando-os na escola, para que esta possa dar continuidade, preparando-o para a vida e o mercado de trabalho.
Ozimar Caetano tem 37 anos, é casado, tem dois filhos que, segundo ele, são o seu maior tesouro e, não cansa de falar que só foi possível chegar até aqui, porque teve como exemplos vários de seus professores, professores esses, que sempre falavam que ele teria um ótimo futuro e, ele os via como exemplo.
Mesmo já sendo especializado, falou que não está satisfeito, que seu próximo passo é fazer um mestrado e, quem sabe, um doutorado. Falou ainda que, apesar das dificuldades, seu sonho de fazer a diferença na vida de alguém, continua de pé e, citou uma parábola em que um dia um homem ia passando em frente ao mar e a maré baixou, deixando fora milhões de tartarugas, que certamente morreriam e, o homem, na sua bondade, começou a jogar uma a uma as tartaruguinhas de volta, enquanto outro homem passou e falou que aquilo era besteira, pois ele não iria salvar todas aquelas coitadas e ele respondeu a esse outro que, de fato não salvaria todas, mas aquelas que ele estava devolvendo ao mar, com certeza se salvariam e isso já faria uma grande diferença.
As educações, de casa e da escola são ferramentas essenciais, na formação de um ser humano que seja capaz de modificar, positivamente o meio em que vive.
Ozimar Caetano dos santos, graduado em Letras, com habilitação em Língua portuguesa e Literatura de Língua portuguesa, especializado em gestão escolar com habilitação em supervisão e morador da Comunidade Rural Barracão, com muita satisfação.
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.