Cisternas: um depósito de vida no semi-árido

Cisternas: um depósito de vida no semi-árido

Em 1955 o pedreiro Manoel Apolônio de Carvalho deixou o Nordeste e partiu para São Paulo, curioso e dedicado, aprendeu com a sua profissão a transformar cimento em placas, uma arte que garante hoje o armazenamento de água, o maior bem de sua região.

A invenção do nordestino que resultou na construção de cisternas de placas, garante hoje somente no município de São Lourenço do Piauí, cerca de mil unidades, ambas conseguidas por meio de ações cooperativas que visam o melhoramento da região por meio de projetos sociais participativos.

Com a seca que castiga os nordestinos e seus rebanhos, as cisternas teem sido suas últimas valias quando a escassa água é uma constante no estorricado solo do semi-árido. A Defesa Civil, órgão do governo e responsável pelo abastecimento de água em São Lourenço, distribui cerca de 100 fichas mensalmente na zona rural do município e em seguida retornam fazendo o abastecimento do liquido nas cisternas.

O atendimento segue critérios de acordo com a real situação dos beneficiários e estes nem sempre são atendidos dentro do desejável, pois há a dificuldade pelos motoristas de carros-pipas em conseguir a água nas adutoras que atendem a região. Três adutoras em São Raimundo Nonato garantem o abastecimento de uma população estimada em 44 mil pessoas. Garrincho, Fontenele e Serra Branca, são estações onde motoristas de carros-pipas da Defesa Civil e empresas particulares, precisam ir bem cedo para conseguirem atender as urgências do povo.

As filas são grandes nas adutoras e começam logo na madrugada, a sede tem pressa e os endereços são muitos para serem atendidos.

O Secretário de Defesa Civil do Piauí, Luiz Ubiraci Carvalho, afirmou recentemente que além dos carros-pipas, que abastecem as famílias, há um enfoque na manutenção dos poços artesianos, e faz um apelo aos poderes executivos do estado. ?Nós temos no Piauí no semi-árido perto de mil poços que estão abertos e sem equipamento. Quero fazer um apelo aos prefeitos, há recursos para equipar esses poços, todos esses poços que não são particulares que servem à comunidade, a Defesa Civil e Secretaria de Desenvolvimento Rural têm como equipar esses poços basta que nos seja feito esse pedido?, sugeriu Carvalho. Ele alertou ainda que é preciso a especificação dos poços. ?E acompanhado dos pedidos a ficha técnica do poço porque é preciso ter a dimensão do poço, quantos metros, vazão. O prefeito deve enviar isso o mais breve possível porque não vai ficar nenhum poço sem ser equipado?.

Há cerca de 18 meses não chove em São Lourenço do Piauí, e os o sertanejo sofrem as agruras. Os que não são atendidos pela defesa Civil em tempo hábil e que possuem condição financeira pagam cerca de R$ 300 para serem abastecidos por empresas particulares que aproveitam a oportunidade para renderem suas receitas no comércio da seca.

Em São Lourenço, os carros-pipas fazem um intervalo de 90 dias para retornarem aos endereços atendidos, prazo estimado suficiente para serem reabastecidas as cisternas.



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

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