Do Escambo Ao Pix: O Marketing Influenciando. Quanto e Por quê?

A evolução da sociedade está diretamente relacionada à evolução das relações comerciais e dos ideais de vida que compõem uma cultura, e nessa alçada há um elemento tão corriqueiro que se faz despercebido, escondido a plena vista e ditando os rumos da história.

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A evolução da sociedade está diretamente relacionada à evolução das relações comerciais e dos ideais de vida que compõem uma cultura, e nessa alçada há um elemento tão corriqueiro que se faz despercebido, escondido a plena vista e ditando os rumos da história.

Seja para vender um novo produto ou eleger um candidato, o marketing é e sempre foi o mecanismo por trás das estruturas sociais de um mundo baseado em organizações sociais complexas.

A consciência atual, de que o maior capital que se pode obter é a influência, sempre foi uma realidade. A diferença é a disseminação desse conceito, que atualmente é cediço nos meios populares, antigamente era uma estratégia de grandes profissionais e pensadores.

O marketing como um conceito surgiu em torno de 550 anos atrás, com a invenção de Gutenberg: A prensa tipográfica em 1450.

Todavia, antes do nascimento da ideia de propaganda propriamente dita, o conceito já existia.

Na verdade, na primeira vez em que um ser humano trocou um item por outro, se concebeu, mesmo que em uma etapa zigótica, o mercado e o marketing.

Aos Gritos Ao Povo

A propaganda boca a boca, por mais que tenha se adaptado aos sistemas modernos, foi desde a concepção das trocas, o meio basilar de tal mecanismo.

Os vendedores de rua anunciando seus itens a serem negociados, bradando a qualidade de seus produtos a todo pulmão - algo muito comum de se testemunhar até os dias de hoje em centros comerciais de regiões com um público alvo mais popular - foram uma das primeiras formas do marketing que lota as redes sociais nos dias de hoje.

O ponto chave de entender como que um grito por detrás de um balcão empoeirado virou uma ciência complexa que se estende na compreensão de como a sociedade se organiza, e suas tendências digitais que saíram do famigerado Orkut e outros meios de exposição “antigos”, como o Flogão ou o ICQ, e se especializaram ao ponto de que qualquer pessoa, por mais leiga que seja, consiga encontrar uma forma de fazer a marcação correta no Facebook, de modo a realizar as vendas que deseja, para um público que pode ser extremamente seleto, é a consciência de que a propaganda não influencia somente nas ambições de consumo, mas também nas formas de experienciar a vida em sociedade.

Essa reflexão se desenvolveu com a popularização das estratégias de propaganda.

Quanto maior o número de clientes era atraido por meio “do grito ao povo”, mais mimetizada ela era pelos demais comerciantes e por conseguinte, a repetição até a exaustão começou a incomodar os transeuntes e os compradores já muito bem decididos que começaram a se ver avessos a tais abordagens.

E, dessa forma, se originou a necessidade de renovar os métodos de chamar a atenção para determinado produto, transformando a primeira reflexão imbuída de pensamento crítico nesta que viria a ser uma das áreas mais complexas das ciências humanas na atualidade.

A persuasão é o ponto chave nesta retórica. É fazer o indivíduo acreditar que ele não só necessita daquele serviço ou produto mas, também, de que essa necessidade é uma ideia que partiu dele e não foi inserida por meios externos.

A Indústria Do Marketing

Na era do marketing 1.0, o que reinava era simplesmente anunciar a existência do produto, uma vez que durante a primeira revolução industrial, grande parte da população ainda vivia em condições precárias ou em ambientes distantes de grandes centros comerciais, fazendo bastar a existência de um marketing voltado apenas a levar ao conhecimento do cliente a existência do novo produto, não havendo espaço para exigências ou barganhas.

Isso se fazia em face ao fato de que, como as indústrias estavam surgindo aos poucos, a demanda era muito maior que a oferta, não havendo cuidados com qualidade, tampouco com a propaganda. Se um não comprava, havia 10 mais para comprar.

Com o tempo, a situação foi se invertendo e a demanda foi sobrepujada pela capacidade de produção incansável das novas tecnologias que vinham surgindo, trazendo então a necessidade da reinvenção das técnicas de propaganda.

Começaram então nos anos 20, nos Estados Unidos, estudos de mercado que indicavam uma metodologia prática na abordagem aos clientes.

O “American Dream” se tornou uma ferramenta de capital, para se sentir membro pertencente a ao ideal do americano perfeito, em que deveria se ter o carro novo, a casa bela, a família perfeita, a geladeira, o fogão, a máquina de lavar, a televisão e demais eletrodomésticos que acabaram de ser lançados, não por sua utilidade e praticidade.

A simples propriedade de tais bens transformaram a existência de um núcleo familiar em uma vitrine do que era o ideal.

Ter aqueles itens era sinônimo de sucesso, e para um trabalhador médio, qualquer mínimo gotejo de um sucesso inalcançável já saciava sua sede, ao menos momentaneamente, até que novos produtos fossem lançados e anunciados.

E assim que o marketing passou de tentar vender um produto para vender ideias, tendo como um dos mais nefastos e claros exemplos disso, as técnicas da propaganda alemã da época de Segunda Guerra, com seu ministro da propaganda disseminando, de forma ferrenha e com metodologias muito bem sucedidas, ideais inimagináveis e grotescos, mas que apresentados de forma sedutora a uma população com o ego e o bolso ferido, utilizando-se de dores sociais para vender soluções fantasiosas.

O Novo Marketing Para um Novo Mundo

Com os novos métodos de disseminar informação também surgiram novas demandas.

A sociedade e o cidadão médio, agora com mais acesso à informação, também se tornou mais crítica, não sendo tão suscetível a métodos menos rebuscados de marketing. E nesta alçada que surgiu o marketing digital e suas ramificações.

Ao pesquisar sobre sucesso digital em qualquer ferramenta de busca, o usuário irá se deparar com muitos resumos sobre marketing digital, além de listas, rankings, cursos e demais conteúdos explicando, de forma gratuita e detalhada, como tal área funciona e pode ser utilizada em seu próprio negócio. U

Bruna Bozano, especialista em SEO, que atua na área há quase duas décadas, explica que hoje, quem trabalha com marketing está longe de fazer isso apenas para terceiros, mas também para benefício da própria marca, em que sempre vai aplicar os métodos mais atualizados e bem sucedidos para ofertar seus produtos, investindo em tráfego pago e comprando backlinks de qualidade em portais, a fim de aumentar sua presença na internet e aparecer de forma cada vez mais orgânica e natural para seus possíveis clientes.

Existem profissionais especializados em todas essas ramificações do saber a respeito do marketing 4.0, que é o que funciona - pelo menos, até agora.

A realidade é que o usuário médio de redes sociais empenha muita confiança nos influenciadores que segue e no conteúdo que consome, uma vez que este é um ambiente confortável para ele, de fácil acesso.

É como quando crianças acreditam em ideias absurdas como um coelho gigante que corre o mundo distribuindo ovos de chocolate, pois seus pais disseram que a história é verdadeira.

A familiaridade do ambiente digital para as novas gerações retira um pouco do senso crítico do usuário, pois ele está em um local confortável.

Isto posto, se vê a crescente onda de conscientização quanto a divulgação de conteúdo na internet, e isso está diretamente relacionado com as técnicas de marketing.

Um estudo realizado pela plataforma Cupom Válido, com dados da Statista e da HootSuite, estima que mais de 43% da população brasileira já realizou uma compra por influência de uma celebridade ou influenciador digital.

Esses dados são um reflexo do ideal que é disseminado atualmente, tendo o padrão de vida sendo vendido pela tela de aparelhos celulares, com produtos, serviços, ambientes e padrões corporais sendo comercializados constantemente.

Basta um vencedor do Big Brother postar uma foto com um sapato, que ele esgota no site oficial do produto, ou um influenciador de viagens postar um conteúdo em algum destino novo, que se vai aos montes buscar pacotes de viagem para tal lugar.

Com essa constante apresentação de novos ideais de consumo e a existência nas redes sociais, é que se desenvolve cada dia mais a necessidade de criação de conteúdo e propaganda nas demais ramificações do marketing digital.

O site Semrush fez um levantamento em 2021 sobre dados importantes quanto ao marketing digital, chegando a dados que informam que 84% das agências de marketing entrevistadas tem uma estratégia de marketing de conteúdo e 61% terceirizam sua criação - justamente, para ter a possibilidade de criar volume.

Assim se revela o escopo da sociedade de consumo atual, onde há uma necessidade latente de um marketing orgânico e consciente, que entregue informações verdadeiras e válidas aos usuários e consumidores, ao mesmo tempo que apresente o produto de uma forma amigável e atrativa e esses são os desafios do profissional de marketing contemporâneo, que precisa compreender a necessidade do público e trabalhar com ela, de forma cada vez mais honesta e sincera em suas intenções.



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

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