Prefeitos de todo o Piauí estão reunidos nesta terça-feira (15), na sede da Associação Piauiense de Municípios (APPM). Eles confirmam que praticamente 100% das cidades piauienses estão atrasando a folha devido à falta de recursos, encargos e queda do Fundo de Participação dos Municípios. Cerca de 50 gestores participam de uma reunião pedindo socorro e pretendem realizar um protesto contra a queda do repasse.
O presidente da APPM, Arinaldo Leal, convocou a reunião para que os prefeitos debatam sobre as dificuldades enfrentadas em suas gestões. ?Hoje, o prefeito tem que optar entre pagar o servidor ou pagar conta da Eletrobras ou INSS. Isso não é calote?, desabafou. Ele acrescenta que a situação dos municípios atualmente é caótica e preocupante.
Os gestores disseram que estão tendo que complementar o Fundo de Participação e isso está desequilibrando as finanças.
Paulo Aparecido de Carvalho, prefeito de Santo Inácio, deveria receber R$ 50 mil do Fundeb, mas está recebendo apenas R$ 30 mil. O restante tem de ser complementado. ?É preciso mudar o sistema em que a moeda é o aluno. Em 2017-2018, como vai ser, se não vamos ter alunos??, questiona.
Segundo o prefeito de Coronel José Dias, Manuel Oliveira, o Manim, um dos gargalos é que o Fundeb não cobre a folha de pagamento. ?Hoje temos uma folha de R$ 205 mil, mas o Fundo só repassa de R$ 170 a 180 mil. O restante nó temos que cobrir?, reclama.
O prefeito de Cocal, Rubens Vieira, ressaltou que, além do problema da queda de recursos ? que afeta diretamente Educação e Saúde ?, os municípios estão sofrendo com a estiagem. ?São três anos de seca constante. As reservas de água já secaram?, pontua.
Uma das falas mais duras é a de Luiz Neto, prefeito de Amarante, que reclama da falta de recurso e da falta de atuação do Governo Federal. ?Cem por cento dos municípios estão em dificuldades e alguns estão quebrados. Em Amarante, tivemos que baixar o salário do prefeito, do vice e dos secretários, mas ainda não resolvemos o problema. O Estado não larga o osso. A arrecadação vem caindo e a situação é delicada?, descreve.
Já Reginaldo Júnior, prefeito de Palmeirais, afirma que a Eletrobras é seu pior problema. ?Falta energia constantemente e isso compromete o funcionamento do hospital e até do posto de combustível?, diz.
Neto diz ainda que o pagamento de servidores em sua cidade está atrasado. ?O prefeito tem que colocar a cara na rua; vamos protestar. Todo mundo está atrasando salário. O governo Dilma Rousseff é um feijão duro e só vai na pressão?, acrescentou.
Entre os parlamentares convidados, fez-se presente o deputado Julio César. Ele está sendo bastante elogiado pelos gestores por sua atuação em defesa dos municípios e recebeu até o apelido de ?Oswald de Sousa dos Prefeitos?, em alusão ao famoso matemático brasileiro.
Com as informações:appm
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