“A cidade está à beira de um colapso”, diz piauiense que mora em Porto Alegre, no RS

Dentro de casa, Magnus faz o possível para economizar a bateria do celular, já que não há água nem energia elétrica em sua residência

Magnus Regis vive há quase 15 anos em Porto Alegre | Reprodução
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Angústia, medo e impotência. Esses são os sentimentos mais vivenciados nos últimos dias pelo jornalista piauiense Magnus Regis, que vive há quase 15 anos em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Morador da parte alta do Centro Histórico da cidade, da rua de casa ele encara o cenário desolador das águas do lago Guaíba invadindo as ruas da região.

O RS tem 388 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao temporal, com 1,3 milhão de pessoas afetadas. Em Porto Alegre, apesar de a chuva ter dado uma trégua, o nível das águas do Guaíba continua alto, com cerca de 2,30 metros acima da cota de inundação.

Imagem aérea mostra capital Porto Alegre alagada (Foto: Ricardo Stuckert)

Na última medição feita às 9h15 desta terça-feira (7), o nível estava em 5,25 metros. Essa elevação ocorre em razão dos temporais que assolam o estado desde 29 de abril, causando 90 mortes.

Dentro de casa, Magnus faz o possível para economizar a bateria do celular, já que não há água nem energia elétrica em sua residência. Apesar de todos os transtornos, sua situação é mais confortável do que a de algumas pessoas que moram a poucos metros de seu apartamento.

"Em tese, estou tranquilo diante de quem já perdeu muita coisa. Tenho comida em casa, tenho água guardada, consigo me manter um pouco por alguns dias. Tenho a quem recorrer, tenho amigos que podem me acolher caso essa situação piore ainda mais e meu dia está sendo afetado de forma total", falou.

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Ele afirma que não está indo trabalhar porque não há água no estabelecimento. O jornalista cita que vem acompanhando a situação dos moradores de El Dourado, cidade do RS que tem 30 mil dos 40 mil habitantes afetados pela enchente.

"Eu tenho colegas que tiveram que sair de casa porque a água chegou até a casa deles. Eu tenho um casal de amigos que perdeu tudo. Eles estavam abrigados em um terreno alto e foram resgatados pelos bombeiros e voluntários", falou.

Para Magnus, ainda é difícil processar o que está acontecendo. "É muito triste o que a gente está vendo aqui. Eu tenho a palavra que eu mais tenho usado, que é desolador, mas eu não tenho. Não conheço no dicionário nenhuma outra palavra que abarque tanto esse sentimento, porque é uma impotência muito grande mesmo, do poder público, da sociedade, das pessoas.

VIOLÊNCIA: A polícia do Rio Grande do Sul registrou furtos e assaltos à mão armada em bairros da capital atingidos pelas chuvas e enchentes. Segundo relatos, os assaltantes estão usando motos aquáticas e se aproveitam da escuridão da cidade, que teve o fornecimento de energia elétrica suspenso.

"Tem muita gente que está no barco, no jet ski, socorrendo outras pessoas e quando chegam para socorrer em determinado local alagado, quem está lá é um bandido, acaba assaltando a pessoa, tomando o barco, tomando o jet ski. Fazem isso para poder ir até as casas que estão alagadas e sem ninguém lá, claro, para assaltar os pertences daquela casa. É muito triste o que a gente tem visto. Já se viu também alguns casos de arrastão, de saques. A cidade está à beira de um colapso, de um colapso total", disse.

SOLIDARIEDADE: Segundo o jornalista, a população do Rio Grande do Sul está sentindo a força da rede de solidariedade em prol das vítimas das enchentes. Diversas entidades sociais, agentes públicos e universidades estão se movimentando para arrecadar mantimentos e itens de higiene em forma de doação para entregar a quem mais precisa.

"É muita força solidária. Meu Deus do céu, assim é uma força solidária muito, muito grande, muita doação. Em alguns locais, o pessoal já tem pedido até para que não levem roupas porque já tem roupa o suficiente, a alimentação também. Tem gente que perdeu tudo na sua casa, perdeu tudo no seu comércio, mas está ajudando as pessoas. Teve gente que teve a casa totalmente invadida por água e está ajudando as pessoas no seu barco a saírem da condição de alagadas”, falou.

Conforme mostrado pelo Meionews.com, o Aeroporto de Teresina está recebendo alimentos não perecíveis e materiais de higiene pessoal que serão doados às pessoas desabrigadas e desalojadas.

A modelo Bárbara Veras, que foi Miss Piauí Mundo no ano de 2022, fez um apelo em sua página no Instagram, na segunda-feira (6), para pedir ajuda a um casal de amigos teresinenses, Paulo Henrique Lopes de Sousa e Laura Raquel Sales de Almeida, que vivem no Rio Grande do Sul.

"Estou vendo Teresina, que está fazendo campanha de arrecadação e é importante que as pessoas também ajudem nisso, porque essa ajuda vai chegar. Ela vai ser necessária nesse primeiro momento, onde as pessoas são obrigadas e, sobretudo, depois, quando todo mundo volta para suas realidades e tem que reconstruir a sua vida", falou.

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