A delegada Nathália Figueiredo afirmou, em entrevista à repórter Mikaela Ramos, que Francisco Firmino de Assis, 48, preso sob a acusação de assassinar Maria de Jesus dos Santos, de 73 anos, apresenta "aspectos de psicopatia".
Conforme a titular do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o suspeito não demonstrou arrependimento durante o interrogatório realizado na quarta-feira (24).
"Você vê até uma pessoa com aspectos de psicopatia, porque ele não aparentava ter nenhum arrependimento em relação ao fato. Ele já praticou um crime similar em 2015 contra a própria filha, uma tentativa de feminicídio. Então a gente já vê que é uma pessoa reincidente nesse tipo de crime contra as mulheres", afirmou.
Embora o crime possa ter sido motivado por questões financeiras, a delegada classificou o caso como feminicídio, devido à natureza da violência e ao relacionamento entre o suspeito e a vítima.
PRESO EM SHOPPING
Francisco Firmino foi preso na manhã de quarta-feira (23) pela Polícia Militar em um shopping na zona Leste de Teresina, após a Justiça expedir um mandado de prisão preventiva. Ele confessou o crime durante seu depoimento.
Maria de Jesus foi encontrada morta em sua residência, no bairro Parque Brasil Ill, zona Norte da capital, na última segunda-feira (21), com sinais de extrema violência. A idosa estava com os pés amarrados, apresentava costelas quebradas, pulmão perfurado, traumatismo craniano e sinais de estrangulamento.
A delegada explicou que, embora Francisco esteja sendo acusado de ter levado pertences da vítima, como o carro, duas televisões e um celular, o caso não será enquadrado como latrocínio.
"Está bem claro para a gente que a intenção dele era matar a vítima. Então o crime está configurado como feminicídio em concurso com o roubo. Pode ser que no momento que ele levou os objetos, a vítima ainda estivesse em vida, até porque ele mesmo relatou que amarrou os pés dela justamente para que conseguisse levar as coisas sem que ela tentasse impedir", disse Nathália.
QUESTÕES FINANCEIRAS MOTIVARAM O CRIME
Além disso, Francisco havia relatado, segundo a delegada, constantes atritos no relacionamento dos dois por cuasa de bens e dinheiro. "Ele disse que estava se sentindo incomodado porque ela passou a negar o cartão de crédito e a não emprestar o carro para que ele saísse", acrescentou Nathália.
"Questionei o porquê de ele ter ceifado a vida dela, já que ele poderia ter levado os objetos sem matá-la. Ficou claro que ele tinha sim a intenção de matá-la", concluiu.
FAMILIARES ENCONTRARAM CORPO NO BANHEIRO DA CASA
No interrogatório, Francisco Firmino afirmou que cometeu o crime na noite de domingo (20). O corpo de Maria de Jesus foi encontrado mais de 24 horas depois, por volta das 19h da segunda-feira (21), quando os familiares, preocupados com a falta de notícias, decidiram ir até a casa dela. Ao entrarem na residência, encontraram a idosa sem vida no banheiro.
O genro da vítima, Ferdinand, relatou que decidiu ir à casa de Maria de Jesus após ela não atender ligações dos familiares. “Quando chegamos, vimos que a porta estava aberta, o que já era estranho. Entramos e vimos coisas jogadas no chão. Quando cheguei à porta do banheiro, me deparei com o corpo dela", contou Ferdinand, que estava acompanhado da filha da vítima, esposa dele.
Ferdinand também disse que, embora Francisco Firmino convivesse com a idosa e não demonstrasse comportamento agressivo abertamente, ele sempre estava presente nos lugares que Maria frequentava. "Eu acredito que era para intimidá-la, para que ela não contasse nada a ninguém. Ele sempre estava junto com ela, em todos os lugares", afirmou o genro.
TENTOU MATAR A PRÓPRIA FILHA
No histórico de violência de Francisco também há uma tentativa de homicídio contra sua própria filha, em 2015. Na época, ele obrigou a vítima entrar em um carro e disparou contra ela, repetindo os tiros mesmo após a jovem conseguir fugir. Ele também confessou ter abusado sexualmente da filha.
Agora, a Polícia Civil segue com as investigações e tem um prazo de 10 dias para concluir o inquérito. "Estamos próximos de finalizar. Temos um réu preso e vamos realizar as diligências e oitivas necessárias para que ele responda pelos seus atos", concluiu a delegada Nathália.
A família da vítima, devastada pela perda, pede justiça e acompanha o caso de perto. "Minha sogra era uma pessoa boa, muito religiosa, e não merecia ter uma morte assim. Vamos correr atrás de justiça", afirmou Ferdinand.