A educação antirracista deve começar cedo, e a escola, juntamente com os pais, tem uma grande responsabilidade na formação de pessoas livres de preconceitos e práticas que resultam em violência relacionada a gênero, raça ou cor.
Na Escola Municipal Casa Meio Norte, localizada no bairro Verde Lar, na zona Leste de Teresina, a conscientização pedagógica sobre não discriminação é promovida através do contato com arte, música e conhecimento sobre as diversas riquezas da cultura brasileira.
LUGAR DE DIVERSIDADE
Ao longo desta semana, a instituição sediou o Festival da Cultura Negra, focado na aprendizagem e no combate ao racismo. O projeto é desenvolvido pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult), por meio do Sistema de Incentivo Estadual à Cultura (SIEC). Entre os dias 13 e 17 deste mês, mais de 200 estudantes participaram de atividades como dança, pintura, música, teatro, oficinas com trancistas e discussões sobre representatividade.
O idealizador do projeto, Augusto Santiago, conta que a iniciativa busca discutir de maneira lúdica as relações étnico-raciais sob uma perspectiva histórica, social e cultural.
Indo além das expressões artísticas, também foram abordados temas como religião e gastronomia, com o intuito de proporcionar o máximo de experiências às crianças. "O reconhecimento de outras culturas e povos começa ao entender o valor do próximo e a luta de outros grupos", afirmou o produtor. "Este festival é uma maneira de quebrar barreiras históricas de preconceito e ajudar na educação das crianças, que representam o futuro do Brasil e do mundo”, frisou.
Wesley Gabriel, de 8 anos, ficou muito empolgado ao assistir a uma apresentação de um grupo de capoeiristas e ao conhecer as religiões de origem africana. "Entendi que não devemos aceitar o racismo e não permitir que falem mal da nossa pele. Também não devemos tratar mal as pessoas nem deixar que falem mal da cor dos outros", relatou o menino.
RESPEITO À RELIGIÃO
Com o pai de santo Rondilene Santos, os alunos assistiram a uma palestra sobre intolerância religiosa e foram orientados sobre a importância do respeito às diferenças. As crianças se mostraram interessadas nos artigos levados pelo projeto, como búzios, guias e fotografias de cerimônias do candomblé.
"Quando estamos em uma escola como a Casa Meio Norte, que valoriza e respeita as identidades, é fundamental ensinar às crianças que o racismo é crime, ensinar o que são as práticas racistas. Precisamos contar a história do nosso povo, do povo negro, para promover o respeito. O preconceito contra religiões muitas vezes parte da fala de conhecimento”, contou.
Respondendo perguntas e reforçando a importância do respeito através de conversa adaptada à compreensão das crianças, o professor Kaire Aguiar falou sobre a luta antirracista com os pequenos. Ao Meionews.com, ele destacou que é fundamental que as crianças cresçam com a compreensão do que é discriminação.
“Quando falamos sobre educação, a conscientização sobre o que é o racismo é algo que deve ser cultivado desde cedo. É importante conversar com as crianças e tornar esse assunto acessível. Elas são o futuro, não é? Estamos lidando com uma nova geração, e é crucial que essa geração seja consciente de que não deve haver discriminação com base na cor da pele ou na religião”.
LEI FEDERAL
A Escola Musical Casa Meio Norte segue a lei da educação antirracista, baseada na Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira. Para Rutneia Vieira, coordenadora pedagógica da unidade de ensino, esse é um mecanismo importante para promover o respeito à diversidade de cores e credos.
“Aqui, todos nós estamos comprometidos com a felicidade sem medo. Vamos ensinar às crianças de hoje a importância do respeito à religião, cultura, dança e música, para que aprendam a respeitar seus coleguinhas”.