A audiência de instrução de Lucélia Maria da Conceição, 52 anos, está marcada para o dia 23 de janeiro. O ato processual pode inocentar a mulher que foi presa e que teve a a casa queimada em Parnaíba, litoral do Piauí, após ela ter sido acusada de envenenar os meninos João Miguel da Silva, 7, e Ulisses Gabriel da Silva, 8. Com informações do programa Ronda, com Silas Freire.
O QUE ACONTECEU?
Lucélia Maria foi liberada da Penitenciária Feminina de Teresina na noite de segunda-feira (13), após ser detida desde agosto de 2024, acusada de envenenar duas crianças em Parnaíba, no litoral do Piauí.
A decisão da 1ª Vara Criminal de Parnaíba ocorreu após a apresentação de um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML). O documento, elaborado cinco meses após a morte das crianças, concluiu que não havia vestígios de veneno nos cajus que, supostamente, teriam sido entregues às crianças pela vizinha.
A AUDIÊNCIA
Em entrevista exclusiva ao jornalista Carlos Mesquita, o advogado de Lucélia, Sammai Cavalcanti, falou que a audiência de instrução ocorre no dia 23 de janeiro. Vai ser o momento em que as partes do processo judicial vai apresentar provas e argumentos perante à juíza do caso.
“Muito sofrimento, calor, chorava demais por uma coisa que eu não fiz. Fiz aniversário de 53 anos na cadeia. Eu fui presa injustamente e perdi tudo. Tá tudo destruído, até minhas roupas destruíram. Nunca dei sacola de caju para ninguém. Eu cheguei da rua e fui presa. Agradeço a Deus porque eu e meu filho não morremos”, disse Lucélia Maria.
O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL
A Polícia Civil informou que, no momento da prisão, havia indícios suficientes para justificar a detenção de Lucélia. Ela já possuía histórico de envolvimento em incidentes de envenenamento de animais e mantinha uma relação conturbada com os vizinhos. Durante depoimento, Lucélia admitiu ter aprendido com o irmão a usar veneno (chumbinho) para matar morcegos.
O advogado Sammai Cavalcanti disse que chegou a pedir prisão domiciliar para a mulher, mas a solicitação foi negada pelo Ministério Público do Piauí (MPPI). “Desde o início, Lucélia se declarou inocente. Fizemos um pedido de prisão domiciliar devido a problemas de saúde dela, como inchaço nas pernas, mas foi negado. Após a denúncia, pedimos a absolvição sumária devido à fragilidade das provas”.
Sobre a demora na apresentação do laudo pericial dos cajus, o advogado explicou: “A demora é um problema estatal, não da defesa. Lucélia tem poucos recursos financeiros e está pagando o advogado de forma parcelada. A perícia deveria ter sido realizada pelo estado. Após cinco meses, o laudo foi apresentado na última quinta-feira”.
Cavalcanti também destacou a ausência de provas: “A negativa total de autoria de Lucélia é evidente. Não havia no processo o laudo pericial. Agora, na audiência de instrução, vamos utilizar as testemunhas do Ministério Público para demonstrar a inocência de Lucélia. Acredito que teremos uma sentença absolutória”.