Na tarde desta sexta-feira (09) o Jornal da Tarde recebeu o professor e climatologista Werton Costa, para discutir sobre o fenômeno El Niño no Brasil, e os efeitos que ele tem sob o Estado do Piauí. De acordo com cientistas da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) o fenômeno tem 56% de chance de se tornar um super El Niño. A mudança é potencializada por fatores climáticos como o aquecimento global.
Werton explica sobre a periodicidade do fenômeno e como ele afeta a região Nordeste, que por já ser muito seca fica ainda mais. A ação é em decorrência de umas das principais características do El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacifico.
“O El Niño tem uma periodicidade, ele oscila de dois a quatro anos e é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico. Mesmo que longe do Piauí essa ação tem a capacidade de mudar toda circulação atmosférica ou seja na circulação dos ventos quando se tem uma mudança na dinâmica deles, aquela frente que vinha para o Nordeste e deixava o ar úmido é desviada ", explica.
O mundo todo é afetado pelo evento, mas cada parte de uma maneira diferente. No Brasil por conta do seu tamanho intercontinental o El Niño age de maneira distinta de Norte a Sul. Werton destaca inclusive que as maiores secas do país foram registradas em anos que o evento passou po aqui.
“Ele produz consequências diferentes para as várias partes do mundo, o Brasil por conta do seu tamanho é afetado por várias ações como a baixa umidade, temperatura elevada. Nas regiões Sul e Sudeste temos a potencialidade das chuvas e enchentes. Já no Nordeste temos uma severidade de estiagem, as maiores que já tivemos na história do país foram em anos de El Niño como 2015/2016”, destacou.
Mas quando o evento vai afetar o estado do Piauí? De acordo com especialista, iremos sentir os efeitos do fenômeno a partir do segundo semestre do ano dando destaque para os 4 últimos meses do ano. Podendo atuar sobre o estado por cerca de seis meses mas por alguns fatores pode ter sua estadia prolongada por até dois anos como no último.
“A partir de agosto as temperaturas têm uma crescente, a vegetação vai ficando mais ressecada, os focos de queimadas vão aumentando. De setembro a novembro, temos a maior manifestação do El Niño aqui no Piauí, além disso é importante reiterar que ainda não há nada de consciente em afirmar que o vento será um Super El Niño, ele pode por exemplo ser um vento canônico, onde temos a presença de chuva”, disse.
O homem tem muito efeito para a possível potencialidade do fenômeno, por conta de fatores como o aquecimento global, potencializado pela poluição. O governador Rafael Fonteles viajou na última quinta-feira (8), para mais uma missão na Europa, em busca de investimentos para o desenvolvimento do Piauí, principalmente na área de energias renováveis (hidrogênio verde). A queima de combustíveis fósseis é um dos principais meios de poluição do meio ambiente.
CUIDADOS COM O MEIO AMBIENTE
Werton finaliza sua entrevista pedindo para que os cidadãos sejam conscientes ecologicamente e evitem ações que possam provocar algum dano para o meio ambiente como as queimadas.
“Nós estamos caminhando para o período seco, queimadas espontâneas são fáceis de ocorrer. Atos como jogar uma bituca de cigarro em uma área seca, ou descarte de garrafas de vidro/plástico que concentram calor e podem causar queimadas. O governo está atualmente preparando um plano contra queimadas que une a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Semarh, mas o que faz a diferença mesmo é a atuação do cidadão.