Após a repercussão de uma criança de 7 anos procurar ajuda na Escola Municipal Clodoaldo Freitas, no bairro Pedra Mole, para denunciar que estava sendo estuprada pelo próprio tio, a Coordenadoria dos Direitos Humanos de Teresina se manifestou. Isso porque, a vítima já tinha denunciado no início do ano, porém, o caso não foi adiante, havendo negligência por parte do Conselho Tutelar.
A Rede Meio Norte apurou que em maio, a criança deu sinais da violência, mas o Conselho Tutelar não teria levado adiante a denúncia. A menina foi abusada novamente, e clamou, mais uma vez, ajuda aos professores. Há relatos de que ao menos 7 crianças teriam sido abusadas pelo homem, de 36 anos, que é parente.
O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente de Teresina (CMDCAT), André Santos, afirmou que recebeu a informação através da imprensa, e que se de fato for confirmada a negligência do conselheiro tutelar, que se ocultou da denúncia, este terá “suas punições”.
“Já acionei o Conselho Municipal, que é o órgão que fiscaliza, que atua para que o funcionamento dos conselheiros possam estar presentes. Vamos fazer uma revisão do colegiado para acompanhar esse caso, e se houve negligência do conselheiro tutelar, tem as suas punições, e aí nós aplicamos o que diz o regimento, o que diz a lei”, afirmou o presidente da CMDCAT, André Santos.
Questionado sobre o conselheiro que teria possivelmente cometido a falha no atendimento à criança em questão, André Santos disse que vai apurar a situação e a presidência tomará o “procedimento correto se houve alguma falha no atendimento” à vítima.
“Nós já informamos ao colegiado do conselho da criança e do adolescnete para que a gente possa observar qual foi o conselheiro que fez o atendimento, como foi proferida essa denúncia, para que a gente possa tomar o procedimento correto se houve alguma falha no atendimento”, completa.
VÍTIMA DENUNCIA EM VÍDEO
Em vídeo obtido pela Rede Meio Norte, a criança de 7 anos conta a uma mulher o que o tio fazia com ela. Em alguns momentos, a vítima narra em um tom de voz triste e angustiada. Ao mesmo tempo, a mulher levanta palavras a fim de que a criança esclareça direitinho o que abusador fez.
“Ele pega nas minhas partes íntimas, aí eu não deixo. (Eu) não gosto disso, aí ele faz, ele lambe (as partes íntimas) e eu não gosto. Ele mete o negócio dele aqui (nas partes íntimas) (se a tia souber) ela nunca mais vai falar comigo (uma mulher a consola: “ela vai continuar amando você, continuar gostando de você, também? você não é culpada de nada não)”
CRIANÇAS DÃO SINAIS
Um professor da instituição, que preferiu não ser identificado, comentou o caso e afirmou que o acusado atraia as vítimas por meio de jogos. Ele ainda relatou que assim que tomou ciência, não pôde se omitir e levou o caso adiante. Por fim, o docente alertou que todos devem prestar atenção, pois “as crianças dão sinais de alguma maneira”.
“Ela chegou relatando novamente que foi mais uma vez assediada e nós decidimos agir diante dos fatos. Nós já nos apresentamos ao Ministério Público, com ela já é a terceira criança, e tivemos ciência de outras duas, mas ainda nada concreto, mas de certo, 3 crianças já foram vítimas desse abusador. Então o que fica para gente de experiência é que esse tipo de pessoa, esses aliciadores não têm uma cara, eles não têm uma identidade que a gente pode olhar e julgar, às vezes são pessoas que estão próximas no convívio social. Temos que estar atentos, as crianças dão sinais de alguma maneira, e espero que dessa vez ele não passe despercebido”, disse o professor.