O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) determinou a interdição cautelar do cardiologista Tennyson Pereira Leitão, suspeito de cometer crimes sexuais contra pacientes em Teresina. A informação foi divulgada hoje (05) no programa Piauí, Bom dia.
O QUE ACONTECEU: Pelo menos cinco pessoas denunciaram que foram abusadas sexualmente pelo cardiologista. Na quinta-feira (4), carros descaracterizados e policiais à paisana adentraram no consultório de Tennyson Pereira Leitão, que também teve seu CRM temporariamente cassado. Ele segue solto.
Após o jornalista Kilson Dione expor o caso no dia 31 de dezembro do ano passado, o delegado Matheus Zanatta imediatamente instaurou um inquérito. O cardiologista foi enquadrado na tipificação de violação sexual mediante fraude.
Entramos em contato com o delegado Matheus Zanatta, responsável pelo caso. Ele respondeu via nota que o caso segue em segredo de justiça.
VÍTIMA RELATA O CRIME: Um homem, que prefere não se identificar, acusa o médico cardiologista de Teresina de abuso sexual durante uma consulta em uma clínica particular da capital. O caso, que teria ocorrido no dia 18 de abril de 2023, foi revelado pela vítima em uma entrevista exclusiva para o jornalista Kilson Dione, repórter da TV Meio. Assista a entrevista abaixo.
Na reportagem exibida em dezembro do ano passado, o paciente contou que teve contato com médico para realizar o exame MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) e receber os resultados com o mesmo profissional. Na primeira consulta, ele alega que o cardiologista colocou a mão em seu pênis enquanto ele estava parcialmente despido e deitado em uma maca.
"Ele viu meus exames, disse que estava tudo ok, mas precisava me examinar melhor. Aí ele colocou a mão no meu peito e me mandou deitar na maca. A partir disso, ele começou a bater nas minhas laterais e disse 'olha, você vai ter que descer as calças para eu poder examinar o senhor'. Ele começou a pegar no meu pênis e falou 'se você sentir uma ereção, não se preocupe, é normal'. Eu fiquei imóvel, fiquei com medo, fiquei neutralizado", disse a vítima.
O paciente relatou que ficou atordoado com o atendimento, mas decidiu entrar em contato com o cardiologista para receber os resultados do MAPA após o médico relatar uma alteração nos seus batimentos cardíacos.
"No dia seguinte, ele falou que estava com uma alteração [nos batimentos cardíacos] e que deveria retornar no consultório dele. Lá, ele olhou meu MAPA e passou a fazer o mesmo procedimento, apalpar minha barriga e pediu para eu descer a calça. Quando eu levante, ele colocou a boca dele no meu pênis. Eu peguei e saí da maca xingando ele, disse que iria denunciar", falou.
Ele relata que denunciou o médico para o plano de saúde e não foi acolhido da maneira correta pelos profissionais, que supostamente negligenciaram a situação. "Eu tive que falar que o cara abusou de mim, fez tudo aquilo no meio das pessoas. Me puxaram pelo braço, chamaram o médico para me examinar e só depois colocaram no computador tudo que tinha acontecido'", contou.
A vítima relata que após registar o caso ao plano de saúde, ligou para a polícia e foi orientada a registrar um Boletim de Ocorrência (BO) no dia seguinte. "Eu fui na delegacia de polícia no dia seguinte, registrei boletim de ocorrência e eu falei com o delegado Matheus Zanatta. Ele prontamente pegou uma junta de policiais e fez todos os procedimentos, colheram depoimento, me deram assistência na hora e aí eu fiquei esperando a justiça. Quando foi agora, eu soube que a justiça fez um julgamento sem a minha presença", agiu.
Ele alega que outra pessoa também relatou que foi estuprada pelo cardiologista. "Eu espero de verdade que alguém pare esse cara porque isso não aconteceu só comigo, tem outra pessoa que também passou por isso e que tem medo de se manifestar. Nem todo mundo tem coragem de fazer o que estou fazendo agora", contou. Em nota, o Conselho Regional de Medicina (CRM-PI) informou que está aberto para ajudar na apuração de denúncias contra a conduta de profissionais médicos.
NOTA DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO PIAUÍ: O Conselho Regional de Medicina (CRM-PI) está aberto para quarquer tipo de denúncia contra a conduta de profissionais médicos. Todas as denúnicas são apuradas pela Corregedoria, se preenchidos alguns requisitos, como assinatura e documentos do denunciante. Após isso, é aberta sindicância para apuração, que terá, após diligências, o parecer do relator. O relatório será enviado para análise da Câmara Técnica para avaliação e votação. Caso seja constatado que o médico infrigiu algum dispositivo do Código de Ética Médica, estará sujeito às penalidades previstas no Art. 22 da Lei nº 3.268/1957.