O estado do Piauí apresentou, em 2022, a maior taxa de analfabetismo do país, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Com um índice de 14,8%, mais de 300 mil pessoas no estado não possuem habilidades de leitura e escrita. Apenas o estado de Alagoas ultrapassou os 14% de analfabetismo. Em contrapartida, o Distrito Federal registrou o menor índice, com apenas 1,9% da população sem saber ler e escrever.
A faixa etária com a maior proporção de pessoas analfabetas no Piauí são os idosos, com 40% deles sem habilidades de leitura e escrita. O programa Notícias da Boa, apresentado pela jornalista Cinthia Lages, convocou o superintendente de Educação Técnica e Profissional e Educação de Jovens e Adultos (SUETPEJA), Paulo Henrique Pinheiro, para comentar sobre o que está sendo feito para reverter esse problema no estado do Piauí. Uma das principais medidas é a implementação do Ensino de Jovens e Adultos (EJA-TEC), um programa voltado para a profissionalização.
Paulo Henrique ressalta que os dados da PNAD Contínua são referentes ao segundo trimestre de 2022, ou seja, coletados entre os meses de abril e junho daquele ano. Ele destaca que, no início de 2023, houve um avanço significativo na alfabetização no estado, com 92 mil piauienses sendo alfabetizados pelo antigo programa Proaja. Considerando que o levantamento da PNAD Contínua apontou 380 mil analfabetos no segundo semestre de 2022, após subtrair esses 92 mil alfabetizados, o estado estaria próximo dos indicadores do Rio Grande do Norte, com pouco mais de 10% de analfabetos.
"Em 2016, o índice de analfabetismo em pessoas acima de 15 anos no Piauí era de aproximadamente 16%. Com a expectativa de que os dados preliminares do Censo sejam divulgados no final de junho, espera-se que o número caia para cerca de 10%, representando uma redução de 6% no analfabetismo em apenas 7 anos. O objetivo é alcançar a média nacional, que é de aproximadamente 5% de analfabetos", falou.
Embora o estado apresente altos índices de matrícula no Ensino Fundamental, com 99,5% dos jovens matriculados, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse número cai para 88% no ensino médio. Para isso, o superintendente informou que o programa de alfabetização do Piauí está sendo redesenhado, de modo que, após a divulgação dos dados do Censo, será possível ajustar as estratégias para atingir a meta de tornar o estado um dos mais alfabetizados do Brasil até o final de 2025.
Para Paulo Henrique, um dos dados mais preocupantes é que a faixa etária com a maior proporção de pessoas analfabetas no Piauí são os idosos, com 40% deles sem habilidades de leitura e escrita. Para combater esse problema, o estado tem adotado estratégias de busca ativa, a fim de localizar pessoas analfabetas que desejam ingressar na sala de aula. "A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) tem hoje 21 Gerências Regionais de Educação (GREs) distribuídas por todo o estado, cada uma com uma equipe dedicada à busca ativa. Essas equipes realizam articulações com associações, sindicatos e comunidades para conscientizar a população sobre a importância do Programa Alfabetização de Jovens e Adultos (AJA) e da Educação de Jovens e Adultos (EJA)", comentou.
Na última quarta-feira (7), o governador do Piauí, Rafael Fonteles, e o secretário de Educação, Whashinton Bandeira Filho, lançaram o programa Oportunidade Jovem, que visa conceder 10 mil bolsas a jovens do ensino médio que não estão inseridos no mercado de trabalho.
"Essa iniciativa busca desafogar o sistema da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O principal desafio do EJA é a defasagem de idade dos estudantes que retornam à escola, pois muitos já possuem uma idade maior que a série frequentada, o que gera desequilíbrio no sistema educacional. Com a concessão das bolsas do programa Oportunidade Jovem, espera-se reter mais jovens nas escolas, elevando a taxa de escolarização no ensino médio acima de 95%", comentou.
EJA-TEC para desafogar o EJA tradicional
Além disso, o superintendente da SUETPEJA anunciou que Piauí está implementando o Ensino de Jovens e Adultos (EJA-TEC), um programa de educação para jovens e adultos voltado para a profissionalização. Agora, o estado possui dois segmentos do EJA: o EJA Tradicional, destinado ao ensino médio regular, com 8 mil estudantes matriculados, e o EJA Tech, voltado para pessoas de idades mais avançadas que desejam continuar estudando com uma formação técnica.
"O EJA Tech já conta com 21 mil estudantes matriculados, três vezes mais do que o EJA Tradicional. Essa preferência pelo EJA com formação técnica demonstra a necessidade de oferecer oportunidades de qualificação profissional para aqueles que buscam concluir o ensino médio ou fundamental. Muitos adolescentes, em situação de vulnerabilidade, são obrigados a abandonar os estudos para trabalhar, o que contribui para a queda na taxa de escolarização nessa etapa", comentou.