A distribuidora de gás de cozinha Ultragaz segue operando normalmente na manhã desta quarta-feira (27), mesmo após o falecimento de Arthur Luís Alves do Nascimento, de 2 anos, ocorrido na noite de terça (26). O menino morreu eletrocutado ao tocar em uma placa de iluminação, instalada na calçada em frente ao estabelecimento, na rua Pindaré, bairro Promorar, zona Sul de Teresina.
Arthur brincava com outras crianças no local quando sofreu o choque elétrico. Ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Promorar em uma motocicleta, no colo da mãe, mas não resistiu após sofrer oito paradas cardiorrespiratórias, conforme relatos da família.
Arthur, a mãe e o irmão de 12 anos moram em Demerval Lobão e estavam hospedados na casa da avó. Eles vieram à capital para realizar uma consulta com uma pediatra em Teresina.
“Ninguém da empresa prestou socorro”
Parentes do menino relataram que pediram ajuda aos funcionários da empresa, mas não foram atendidos. O irmão de Arthur, de 12 anos, tentou socorrê-lo e também levou um choque, mas passa bem.
A tia-avó de Arthur, Elizane Alves, disse que a revolta com a insensibilidade de funcionários da Ultragaz acompanham a dor pela perda de Arthur. “Todo final de tarde, as crianças brincam nessa área porque é uma rua pública. Nossa indignação é que isso aconteceu e, até agora, os responsáveis pelo estabelecimento não procuraram a família. Eles não prestaram apoio, não demonstraram solidariedade. Sei que isso não vai trazer a criança de volta, mas como ser humano, eles deveriam fazer algo. Hoje, a empresa está funcionando normalmente, como se nada tivesse acontecido. Para eles, o que importa é o dinheiro.”
A tia da mãe de Arthur reforçou o pedido por justiça. “Queremos justiça, mais humanidade, mais amor ao próximo. Aconteceu com meu sobrinho, mas poderia ter sido com qualquer outra criança. Minha mãe, que é bisavó deles, mora ao lado. Ele passou lá, pediu a bênção e veio brincar. O irmão dele tentou ajudar e também levou um choque. É desumano o que aconteceu.”
Mãe desabafa sobre a perda
A mãe de Arthur, ainda em choque com a tragédia, disse que não recebeu nenhum tipo de assistência ou pedido de desculpas por parte da empresa. “Como vou dormir sem meu filho? Eu nunca dormi longe dele. Ele morreu nos meus braços, e ninguém fez nada. Corri pela rua desesperada pedindo ajuda, e as pessoas continuaram vendendo como se fosse um animal que tivesse morrido. Ele ainda estava se mexendo quando pedi socorro, mas não fizeram nada por ele.”
Investigações e velório comovente
Imagens mostram funcionários da empresa realizando o isolamento da placa de iluminação na manhã desta quarta-feira. A família afirmou que o fio desencapado foi coberto com fita isolante após o acidente.
O caso foi registrado na Central de Flagrantes e está sendo investigado pela Polícia Civil.
O velório de Arthur ocorre na casa do avô, no Promorar, e o sepultamento está marcado para as 17h no Cemitério Santa Cruz, na zona Sul da capital. No local, muitos familiares e amigos se despedem da criança.