“Todo mundo que presenciava via que era um sentimento de posse, não era amor, mas como se eu fosse um objeto”, relatou a enfermeira Carlene Nobre, que foi espancada pelo advogado e servidor comissionado do Tribunal de Justiça do Piauí, Danilo Belo da Silva Melo, na noite desta segunda-feira (16), em Teresina.
À Rede Meio Norte, Carlene Nobre explicou sobre as motivações das agressões por parte do ex-namorado, que outrora juntos, a tratava como um objeto, e que a relação era“muito tóxica, de muito ciúme". A enfermeira foi socorrida à Central de Flagrante com marcas de agressão pelo corpo e um grave hematoma no olho.
“Tive um relacionamento muito tóxico com ele, de muito ciúme. Todo mundo que presenciava via que era um sentimento de posse. Não era amor, mas como se eu fosse um objeto, então tive que me afastar de muitas pessoas justamente por esse sentimento de posse que ele tinha”, disse Carlene Nobre.
Tudo começou com agressões verbais, impedimento da liberdade de ir e vir, excesso de ciúmes, e ameaças, caso Carlene desse um basta no relacionamento. Segundo a vítima, Danilo era como um personagem, que “na frente da mãe ele era um, quando virava as costas, era outra coisa”.
Na noite de segunda-feira, 16 de outubro, se não fosse a mãe do acusado para intervir, Danilo teria a espancado mais. Carlene conta ainda que na ocasião, a sogra estava com eles na residência, e mesmo assim o acusado partiu para a agressão.
“Começou com brigas verbais. Nesse ano de 2023 foi onde se agravou, aumentando o tom das palavras, até chegar na agressão física, neste estado. Levei o soco no olho esquerdo (na presença da mãe do acusado), se ela não tivesse me defendido, teria sido nos dois (olhos). Se a gente terminar e falasse que eu ia embora, ele ia me impedir. Já chegou até a virar uma cama em frente a porta para que eu não pudesse sair da casa dele”, explicou Carlene.
Após as agressões, a enfermeira realizou um boletim de ocorrência e o pedido de medidas protetivas, e depois foi encaminhada ao hospital para receber atendimento médico. Além disso, os policiais a aconselharam a expor toda a verdade, e “não ter medo de nada”.
Ainda durante a entrevista, ela mencionou que outrora “pensava que isso nunca iria acontecer, nem que (Danilo) fosse capaz de fazer, por amor”. Após a brutalidade a qual foi vítima, ela aconselha a “não deixar passar em branco, denuncie, porque você fica cega de amor e pode ficar cega literalmente”.
“Na minha cabeça, eu pensava que isso nunca iria acontecer, nem que fosse capaz de fazer, por amor, porque eu sempre ludibriei a situação. Agora eu já me sinto mais livre, liberta, não me arrependo de ter falado, acredito que vai ajudar muitas pessoas, inclusive, se você passa por isso, não deixe passar em braco, denuncie, porque você fica cega de amor e pode ficar cega literalmente”, aconselha a enfermeira Carlene Nobre.
O caso será apurado pela Polícia Civil. O espaço permanece aberto para manifestações por parte do acusado, o advogado e servidor comissionado do Tribunal de Justiça do Piauí, Danilo Belo. “Eu espero que tenha justiça, e que ele pague pelo que fez”, finalizou a vítima.
TJ-PI AFIRMOU QUE VAI EXONERAR O SERVIDOR
Na manhã desta terça-feira (17), o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI) informou, por meio de nota, que está acompanhando a denúncia de violência contra a enfermeira Carlene Nobre, e que já tomou as providências pertinentes à exoneração do mesmo.
O TJ-PI, diz ainda na nota, que reforça seu posicionamento de que em nenhuma circunstância a violência deve ser tolerada e se coloca de forma intransigente em defesa das vítimas, especialmente das mulheres, que sofrem a cada dia com os altos índices de violência em todo país.
Veja a nota!
O Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI) informa que vem acompanhando atentamente a denúncia de violência contra mulher supostamente praticada por um dos seus servidores e que já tomou as providências pertinentes à exoneração do mesmo. O TJ-PI reforça seu posicionamento de que em nenhuma circunstância a violência deve ser tolerada e se coloca de forma intransigente em defesa das vítimas, especialmente das mulheres, que sofrem a cada dia com os altos índices de violência em todo país.
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