Através de um estudo conduzido durante o estágio de Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o professor da UFDPar, Silva Néto comprovou que o consumo da melancia aumenta dor de cabeça em pacientes com enxaqueca. Na tarde desta terça-feira (12), a Pró-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação (PRPG) da UFPI consagrou a finalização do projeto de pesquisa com a entrega do certificado de conclusão do estágio de Pós-Doutorado, ao agora egresso da instituição.
A pesquisa trata-se de ensaio clínico intervencionista para caracterizar a ingestão de melancia como fator de ativação da via L-arginina-óxido nítrico e de deflagração de crises de cefaléia em pacientes com enxaqueca. Durante o estágio, segundo o prof. Silva Néto, para que o estudo fosse comprovado na prática, foi realizada uma amostra, na qual foram formados dois grupos, divididos entre pessoas que tinham enxaqueca e as que não eram acometidas pela doença.
Na investigação, ambos os grupos ingeriram a melancia e depois de 2 horas da ingestão foi feita a dosagem sanguínea para determinar os níveis séricos de nitrito. Em conclusão, 29% do grupo que já apresentava dores de cabeça, após o consumo, sentiu-as outra vez, enquanto os que não tinham a enfermidade, não tiveram complicações.
A pesquisa inédita, tendo em vista que até então não existia nenhum trabalho mostrando que a melancia provoca enxaqueca, cientificamente, foi publicada em revistas internacionais como European Neurology, em 2023 de tema, Migraine attacks triggered by ingestion of watermelon (Citrullus lanatus): A source of citrulline activating the L-arginine-nitric oxide pathway; e Postgraduate Medicine, em 2021 com o nome Watermelon and others plant foods that trigger headache in migraine patients, ambas contaram também com a participação do Prof. Luciano da Silva Lopes.
A pesquisa idealizada pelo Prof. Silva Néto começou há mais de seis anos quando ingressou em seu Doutorado. Continuar a debruçar-se sobre o assunto no estágio de Pós-Doutorado na UFPI era um anseio do docente, que durante cerca de quase dois anos estudou experimentalmente o tema no Departamento de Biofísica e Fisiologia da universidade.
“A gente já sabia da participação do óxido nítrico na fisiopatologia da doença e agora reforça-se essa teoria, pois essa molécula advém dos aminoácidos que estão na melancia. Com essa pesquisa, entendemos que a fruta realmente causa dor de cabeça e o motivo disso ocorrer, tendo em vista que agora não é mais só uma crença, é algo com embasamento científico. Além disso, o projeto abre caminho para novos estudos que poderão surgir à luz dessa temática”, destacou o pesquisador.
Supervisor do Estágio discursa sobre as contribuições da pesquisa/ Foto: Reprodução
Como Supervisor do estágio, o Prof. Luciano da Silva Lopes evidencia que o projeto é algo bastante interessante, por ser uma área curiosa, em que estuda-se o efeito de alimentos comuns no dia a dia, assim como a interferência destes em algumas doenças e, especificamente, no caso da enxaqueca.“Foi um achado científico muito importante, o qual demonstra que o programa tem uma estrutura capaz de desenvolver projetos que são importantes, inclusive, com impactos para as pessoas de uma forma geral. Então, são muitas as contribuições que isso trouxe para a comunidade, na verdade, um dos objetivos da ciência é trazer algum tipo de benefício, que nem sempre é visto pela população, mas nesse caso é a explicação de algo que já se sabia ou pelo menos já se tinha uma informação prévia”, disse.
Regilda Moreira Araújo, Pró-Reitora da PRPG, durante a entrega do certificado, ressaltou sua satisfação em ver o êxito dos programas, dos professores, discentes, bem como de todo o corpo que forma a Universidade. Excelência a qual possibilitou a nota cinco pela CAPES, em que a Pós-Graduação teve um papel muito relevante nesta conquista.
“A descoberta importante dentro do Programa de Pós-Graduação da Universidade, que já conta com publicações internacionais, evidencia os esforços da instituição em promover a pesquisa e a mobilidade acadêmica”, assim relatou a Pró-Reitora da PRPG.