Um novo laudo pericial pode trazer reviravoltas no caso da morte dos irmãos Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7, mortos por envenenamentos no ano de 2024, em Parnaíba, no Piauí. Lucélia Maria Gonçalves, que está presa há cinco meses acusada de envenenar os meninos, pode ser inocentada após a perícia confirmar que não havia veneno nos cajus consumidos pelas crianças antes de morrerem.
O resultado do laudo saiu um dia após Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças, ser preso sob suspeita de envenenar um almoço de Ano Novo. Francisca Maria da Silva, de 32 anos, Miguel dos Santos, de 18 anos, Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane, de 3 anos morreram.
Reviravolta nas Investigações
Lucélia, vizinha da família, foi presa em agosto de 2024 acusada de ter envenenado os cajus dados aos irmãos. No entanto, a análise das frutas não revelou a presença de veneno, o que gerou dúvidas sobre sua culpabilidade.
O caso ganhou um novo capítulo quando Francisco foi preso após a suspeita de ter envenenado um baião de dois, consumido por ele e sua família em um almoço no primeiro dia do ano, resultando na morte de quatro pessoas, incluindo Francisca Maria, mãe dos irmãos, e outros dois filhos dela. A polícia agora investiga se Francisco pode estar envolvido nas duas tragédias.
Novos Fatos e Declarações
Segundo o promotor responsável pelo caso, ainda não há provas que coloquem Francisco diretamente na cena do crime que vitimou os irmãos. No entanto, informações recentes indicam que as crianças podem ter ingerido outro alimento, além dos cajus. Diante disso, o Ministério Público pediu a revogação da prisão de Lucélia, que sempre negou qualquer envolvimento no crime. Desde sua prisão, Lucélia enfrentou a revolta popular, tendo sua casa incendiada e depredada por moradores da região.
Durante seu depoimento, Francisco revelou sentimentos intensos em relação à Francisca Maria: “Quando eu passava por ela, eu sentia às vezes até nojo. Eu olhava pra ela assim, com um pouco de raiva, de rancor, com uma cara ruim às vezes”.
O delegado Abimael Sousa Silva destacou que Francisco teria contaminado o arroz consumido pela família com “chumbinho”, um veneno clandestino, e insistido para que todos o consumissem. Francisco, entretanto, nega qualquer envolvimento nas mortes. Seu advogado afirmou que ele é inocente e que não há elementos concretos que provem sua participação nos crimes.
Conexão Entre os Casos
Pela primeira vez, a polícia faz uma conexão direta entre os dois casos: o envenenamento dos irmãos em agosto e o envenenamento da família no Ano Novo. De acordo com o perito-geral da Polícia Técnico-Científica do Piauí, Antônio Nunes, o veneno utilizado nos cajus e no arroz seria o mesmo, um pesticida clandestino conhecido como terbufós, popularmente chamado de “chumbinho”. A polícia agora trabalha para entender se Francisco pode ser o autor de ambos os crimes.
Perfil do suspeito e Motivação
Francisco, descrito como um homem inteligente e dissimulado, tinha uma relação conturbada com Francisca Maria e outros membros da família. A polícia está investigando sua personalidade e possíveis motivações, incluindo sentimentos de rancor e desprezo. O delegado mencionou que Francisco chamou Francisca de “primata”, entre outros insultos, demonstrando uma relação marcada por ódio e ressentimento.
A defesa de Francisco busca alegar insanidade mental, sugerindo que ele não estaria em pleno uso de suas faculdades mentais durante os crimes. O advogado de defesa declarou: “Ele é uma pessoa humilde, trabalhador, mas com uma certa confusão mental. No momento oportuno, iremos solicitar um incidente de sanidade mental para atestar isso”.
possível homicida em série
O delegado revelou que a polícia está investigando o álibi de Francisco para o dia em que os irmãos foram envenenados, tentando confirmar se ele realmente estava trabalhando, como alega. Caso se confirme o envolvimento de Francisco, ele poderá ser considerado um homicida em série.