O advogado de Lucélia Maria, acusada de matar duas crianças envenenadas em Parnaíba, no litoral do Piauí, acompanhou a soltura da mulher nesta segunda-feira (13). Ela estava presa na Penitenciária Feminina de Teresina desde agosto de 2024 suspeita de provocar a morte por envenenamento dos garotos Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos. A liberdade provisória foi concedida pela juíza da Vara de Parnaíba.
JULGAMENTO precipitado
O caso do envenenamento das duas crianças ganhou novos capítulos após a Polícia Civil confirmar que não havia veneno nos cajus entregues pela mulher às crianças. Para o advogado de defesa de Lucélia, Sammai Cavalcante, ela foi julgada e condenada de forma precipitada e injusta pela sociedade.
"Fizeram um juízo de admissibilidade de culpa raso, jogaram a Lucélia, jogaram não, colocaram a Lucélia numa situação de cárcere e hoje nós estamos aqui, toda essa mobilização, porque eu tenho certeza que quem tem um coração, quem tem alma, quem tem empatia com o próximo, entende que uma pessoa que passa esse tempo presa podendo ser inocente, o porquê que eu falo em podendo ser inocente? Porque eu não tenho uma sentença absolutória, eu não tenho uma declaração judicial de isenção de culpa da Lucélia", falou.
Sammai indica que, embora faltem evidências conclusivas, há uma forte convicção na inocência dela, mas ainda cabe a formalização judicial.
“Não tenho uma sentença absolutória, uma declaração judicial de isenção de culpa, por isso, nesse primeiro momento, posso falar em 99% de inocência da Lucélia. Estou arrimado em um laudo, em um novo suspeito, que ao contrário da Lucélia, foi categórico em demonstrar total desprezo pela vítima Francisca, pelos filhos dela, ele tem comportamento errático, tratou as vítimas da maneira que tratou. E do outro lado tem a Lucélia, que nunca teve problema com a Francisca, nem conhecia a Francisca e ela arrazoa isso no próprio depoimento policial. Então tudo o que aconteceu foi um emaranhado de acontecimentos que traduziram em um processo penal que está sendo confrontado. A realidade está se mostrando nos autos”, enfatizou.
O resultado do laudo saiu um dia após Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças, ser preso sob suspeita de envenenar um almoço de Ano Novo. Francisca Maria da Silva, de 32 anos, Miguel dos Santos, de 18 anos, Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane, de 3 anos morreram. Com o resultado do laudo, Lucélia pode ser inocentada.
HOUVE ERRO?
Questionado pela imprensa sobre qual foi o erro para a acusação, Sammai Cavalcante foi enfático em afirmar que faltou profundidade de provas. “Falta contundência nos elementos probatórios, tanto é que a prova robusta está surgindo agora e sempre foi confrontado, desde o primeiro momento, pela defesa”, afirmou o advogado.
“Às vezes você tem que fazer a linha de defesa minimizando a pena, dependendo da situação em que se apresenta e desde o primeiro momento, Lucélia nunca titubeou: “Dr. nunca fiz isso, sou inocente”. Partindo desse pressuposto, me debrucei sobre os autos. Respeito a autoridade policial que conduziu as investigações, mas existe sim um problema com a defesa de um processo que a meu entender foi oferecida denúncia com total fragilidade de provas. Tanto é que isso desemboca no dia de hoje”, acrescentou ao afirmar que "não emergiu uma prova com clareza solar que apontasse realmente a Lucélia como possível autora desse caso".
REVIRAVOLTA NAS INVESTIGAÇÕES
Lucélia, vizinha da família, foi presa em agosto de 2024 acusada de ter envenenado os cajus dados aos irmãos. No entanto, a análise das frutas não revelou a presença de veneno, o que gerou dúvidas sobre sua culpabilidade. Ela foi indiciada no inquérito da Polícia Civil do Piauí como autora do crime de homicídio qualificado por motivo fútil, e tentativa de homicídio.
O caso ganhou um novo capítulo quando Francisco foi preso após a suspeita de ter envenenado um baião de dois, consumido por ele e sua família em um almoço no primeiro dia do ano, resultando na morte de quatro pessoas, incluindo Francisca Maria, mãe dos irmãos, e outros dois filhos dela. A polícia agora investiga se Francisco pode estar envolvido nas duas tragédias.
O QUE ACONTECE AGORA?
A investigação sobre as mortes dos irmãos, ocorridas em agosto e novembro de 2024, foi retomada, e as suspeitas passaram a incluir Francisco de Assis Pereira da Costa.
Ele está sendo acusado de ter colocado terbufós, um composto químico presente no pesticida conhecido como "chumbinho", em um prato de baião de dois servido durante um almoço que reuniu mais de 10 pessoas no dia 1º de janeiro. Francisco encontra-se em prisão preventiva desde a última quarta-feira (8).
Entre as vítimas do envenenamento estão Francisca Maria da Silva, de 32 anos, Miguel dos Santos, de 18 anos, Igno Davi da Silva, com 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane, de 3 anos.