O Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido - Viva o Semiárido (PVSA), resultado de uma parceria entre o Governo do Piauí e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), beneficia mais de 36 mil famílias em 89 municípios do sertão do Piauí. A ação tem como objetivo permitir que populações rurais em países em desenvolvimento superem a pobreza.
Os agricultores aumentaram a produção, passando a comercializar seus produtos, uma prova disso é que a produção agropecuária das famílias envolvidas com o projeto cresceu 89%, segundo o relatório do PSVA. Além disso, houve tanto uma queda de 50% na quantidade de domicílios mais pobres (renda inferior a 1/8 salários mínimos), quanto um aumento de 54% na quantidade de menos pobres (renda acima de 1 salário mínimo).
De acordo com o Governo do Estado foram injetados recursos nas atividades produtivas predominantes, qualificando os agricultores e fortalecendo a criação de cooperativas. Com isso, áreas de ovinocaprinocultura, apicultura, avicultura, piscicultura, mandiocultura, cajucultura e suinocultura foram impulsionadas. Os investimentos nessas culturas incluíram a aquisição de matrizes e reprodutores de ovinos/caprinos, melhoramento genético e qualidade dos rebanhos; construção de centros de manejo; aquisição de equipamentos, entre outras ações.
Um dos exemplos de sucesso do programa é a agricultora familiar Milena Martins, da Comunidade Quilombola São Martins, em Paulistana. Ela destaca que o Programa Viva o Semiárido “fez uma revolução” na comunidade em que vive. “Houve melhorias na nossa vida e estamos vendendo a produção para o Programa de Alimentação Sustentável (PAS)”, contou a agricultora, durante evento para encerramento do programa, realizado em Teresina, em setembro de 2022.
Por meio do PVSA, Milena e outros agricultores tiveram acesso à tecnologia inovadora do “Sisteminha Embrapa”, que ajudou na produção do quintal produtivo, que já era uma tradição na comunidade, aliado ao investimento em criação de aves de postura. Hoje toda a comunidade é beneficiada. A produção de ovos melhorou e aumentou de forma escalonada, ajudando na renda e no aumento de proteína nas mesas das famílias.
De todas as culturas, a que teve melhor desempenho foi a apicultura. Graças ao projeto, o Piauí disparou na produção de mel, tornando-se o maior exportador no Brasil. Em 2022, por exemplo, produziu mais de 8 mil toneladas do produto, gerando R$ 121 milhões.
Francisco das Chagas Ribeiro Filho, o Chicão, diretor de Projetos para os Territórios do Semiárido da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), explica que existem hoje mais de 10 mil trabalhadores rurais do Piauí que são apicultores. “Boa parte tem renda que varia entre 1,5 e 2 salários mínimos, bem maior do que antes do PVSA. Alguns que mais se destacaram compraram motos e carro, devido à melhoria da renda”, afirma Chagas.
Investimento de mais de R$ 100 milhões
Com a produção do mel em alta, a vida das famílias é impacta. Dentre os 10 municípios maiores produtores de mel do Piauí, a maioria está na região de clima semiárido, como Picos, São Raimundo Nonato e Itainópolis. O Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido - Viva o Semiárido (PVSA) atou em 89 municípios de cinco territórios de desenvolvimento do Piauí: Vale do Sambito (15 municípios), Vale do Rio Guaribas (39), Vale do Rio Canindé (17), Serra da Capivara (18) e Chapada Vale do Rio Itaim (16).
Além da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), também participaram do projeto a Secretaria da Educação (Seduc), Secretaria da Assistência Social (Sasc), Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí (Emater), Secretaria do Planejamento (Seplan) e Secretaria da Fazenda (Sefaz)
O prazo de duração da execução do projeto era de sete anos: de 2013 a 2020, mas foi estendido até 2022 devido à pandemia da Covid-19. O investimento total no projeto foi de R$ 106 milhões, sendo R$ 53 milhões investidos pelo Fida e contrapartida do Estado de outros R$ 53 milhões para o financiamento de planos de negócios nas atividades econômicas predominantes na área do projeto.