Davi Martins, de apenas 8 anos, encontrou uma forma radical de se divertir e facilitar suas atividades no dia a dia. Nascido com agenesia óssea, uma condição em que a pessoa não desenvolve braços nem pernas, o menino faz do skate seu esporte favorito e também seu principal meio de locomoção.
A história de superação de Davi começou antes mesmo de seu nascimento. Após anos de tentativas para engravidar, Marina Castro finalmente recebeu a notícia de que estava esperando um filho. Durante a gestação, os médicos identificaram que o bebê não teria braços nem pernas. Diante dessa descoberta, a família, com muita fé e coragem, optou por seguir em frente com a gravidez e enfrentar as maravilhas e os desafios que viriam.
O SKATE DO IRMÃO
O esporte entrou na vida de Davi aos 3 anos de idade. No quintal de casa, ele encontrou o skate do irmão mais velho e, enquanto a mãe fazia os afazeres domésticos, Davi começou a se aventurar deitado na prancha. No início, ele andava deitado, mas, ao frequentar as pistas do Parque Potycabana e do Parque da Cidadania, passou a andar sentado no skate.
“Aos poucos, percebemos que isso facilitava sua locomoção e decidimos levar o skate com ele sempre que saíamos”, relembra Marina. Segundo ela, o medo de o filho sofrer uma queda e a proteção materna falavam mais alto no começo. Mas, com o tempo, ela entendeu que o esporte, além de ser divertido, também proporcionava mais liberdade, interação e desenvolvimento para Davi.
“Minha mãe viu, e eu pedi para ela me levar à pista de skate. No começo, ela tinha medo de que eu me machucasse, mas fui treinando e agora já sou assim”, contou Davi, empolgado.
SONHO EM COMPETIR
Morador do bairro Dirceu II, zona Sudeste de Teresina, Davi já sonha em competir nas Paralimpíadas, inspirado por seu ídolo, Amorinha, skatista que perdeu os braços e as pernas após contrair meningite aos 7 anos. Amorinha é uma atleta que já participou das etapas do STU, o maior campeonato de skate do Brasil.
“Eu aprendi que nunca devo desistir. Sempre tenho que acreditar que vou conseguir. Nunca posso desistir. Aprendi que posso fazer muitas coisas e que não sou uma criança que não consegue nada. Eu consigo sim, tudo que as pessoas normais fazem. Eu sou desse jeito aqui”, disse Davi.
“O skate se tornou mais do que um esporte para o Davi. Ele o usa para se locomover, leva o pratinho de comida no skate e se alimenta sozinho. O esporte ajudou a tirar Davi do comodismo e das telas do celular, trazendo uma nova rotina para nossa família”, conta a mãe.
Marina também falou sobre a importância do professor de skate James Pivas, que ajudou Davi a desenvolver suas habilidades e transmitiu confiança tanto para ela quanto para o filho. “Eu tinha muito medo no início, mas o professor Pivas nos acolheu e me mostrou que o Davi estava seguro. Hoje, já estou tranquila, e vejo como o esporte foi transformador para ele. O skate trouxe mais saúde, atividade física, alegria e união para a nossa família.”