Negros são 88,24% dos mortos pela polícia no Piauí, indica boletim Pele Alvo

A faixa etária mais afetada pela letalidade policial no Piauí são os jovens entre 18 e 29 anos, representando 58,97% das vítimas.

Negros são 88,24% dos mortos pela polícia no Piauí | Reprodução
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No Piauí, o boletim "Pele Alvo: a bala não erra o negro" da Rede de Observatórios de Segurança, divulgado nesta quinta-feira (16), aponta que 88,24% das vítimas da letalidade provocada por policiais são negras. Teresina, a capital, concentra 56,41% das mortes no estado, com 22 das 39 mortes contabilizadas no ano passado.

Segundo o boletim, a Bahia lidera tanto em número de pessoas negras mortas por agentes policiais, ao todo foram 1.465, quanto no percentual de pretos e pardos mortos considerando a população de outras cores/raças, 94,76% do total de óbitos. Em segundo lugar, em número de mortos, vem o Rio de Janeiro, com 1.042 óbitos de pessoas negras, 86,98% do total.

Além do Piauí, Rio de Janeiro e Bahia, o estudo analisa o panorama do Ceará, Maranhão, Pará e Pernambuco. Em entrevista para o Meionorte.com, Elton Guilherme, pesquisador da Rede de Observatórios de Segurança no Piauí, destacou que existe uma necessidae de implantação de instâncias de controle externo diante do perfil específico das vítimas. 

"É vital procurar o que está sendo feito e questionar narrativas que culpabilizam as próprias vítimas por suas mortes, observando a existência de um sistema de justiça criminal que, de fato, as julga e condena à morte", comenta Guilherme. Ele declarou que é preciso direcionar a atenção para as condições materiais, culturais e educacionais que influenciam a formação da juventude, a faixa etária mais afetada pela letalidade policial no Piauí, representando 58,97% das vítimas.

Ao longo de quatro anos, a Rede de Observatórios tem monitorado dados sobre a cor das vítimas da violência policial, obtendo informações por meio da Lei de Acesso à Informação. Entre 2021 e 2022, houve uma manutenção nos níveis de ocorrências, com um leve aumento no último ano analisado. "A morte não é para ser uma política pública. O boletim toma esse lugar de desacreditar essas narrativas e produzir uma contra narrativa que questiona as investigações desses homicídios dentro da atividade policial. Infelizmente é algo que tem se repetido com base nas pesquisas anuais", destaca Guilherme. 

Ele salienta que as investigações de pessoas que são mortas pela polícia são parciais e não são transparentes no Piauí e nos demais estados.  "Precisamos refletir sobre o que está sendo feito, o caminho possível do que não fazer e a deficiência de políticas públicas que sejam transversais, envolvendo esforços no lazer, cultura e desenvolvimento social. O boletim também aponta uma falta de transparência nas investigações", comenta.

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