Anderson Ranchel Dias, apontado pela Polícia Civil do Piauí como um dos líderes do esquema de fraude bancária que causou um prejuízo de R$ 19 milhões a uma instituição financeira, tinha em seu quarto um "mural dos desejos" com recortes de imagens de carros luxuosos, mulheres, notas de dólar, mansões, viagens, sapatos e até bolsas de grife.
O mural com as aspirações de Anderson ficava em sua mesa de "trabalho", onde ele planejava e executava golpes usando um notebook e celulares.
O Bom Dia Meio Norte exibiu com exclusividade, nesta segunda-feira (11), uma agenda com frases como "Serei milionário até o dia 01/01/2024", "Serei milionário no dia 01/01/2024" e "Estou milionário no dia 01/01/2024".
Na mesma agenda, ele também refletiu sobre questões relacionadas a crescimento pessoal e do esquema criminoso com as indagações "Como serei útil?", "Que tipo de pessoa quero ser?", "Que tipo de empresa quero ter?" e "Como vou usar meu tempo?".
Anderson Ranchel era dono de uma BMW avaliada em R$ 350 mil, pilotava aviões de pequeno porte e viajava constantemente a países como Estados Unidos, França, Holanda, Argentina e Portugal. Tudo isso era compartilhado na sua conta pessoal do Instagram.
Além de Anderson Ranchel Dias, Handson Ferreira Barbosa, Ilgner de Oliveira Bueno e Sávio Máximo de Sousa, também apontados como líderes do esquema de fraude bancária, tiveram suas prisões preventivas decretadas pela Justiça.
A investigação da Polícia Civil do Piauí revelou que eles atraíam "clientes" em busca de dinheiro e usavam seus nomes para enganar os bancos e obter créditos elevados. O dinheiro era entregue aos clientes, e a quadrilha ficava com uma porcentagem.
De acordo com a Polícia, 117 pessoas foram identificadas como suspeitas de participar dessa fraude em todo o Brasil, com 314 suspeitos no total. Essas pessoas estavam associadas a mais de 600 contas bancárias com indícios de irregularidades.
Os criminosos anunciavam empréstimos bancários facilitados em grupos de aplicativos e nas ruas. Muitos clientes residiam em bairros periféricos de Teresina, e os intermediários do esquema até usavam carros de som para anunciar o "serviço" de empréstimos. Três dos quatro líderes nasceram e cresceram na periferia e conheciam pessoalmente muitas dessas pessoas.
No total, quase 30 pessoas foram presas no Piauí, suspeitas de integrar um esquema de fraude bancária que causou um prejuízo de R$ 19 milhões a uma instituição financeira no Brasil, sendo R$ 6 milhões relacionados a golpes praticados em contas bancárias no estado. Vinte e dois dos presos foram capturados em Teresina, a maioria na Zona Sul da capital. A Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) informou que essas pessoas forneciam dados falsos para se tornarem clientes do banco.
Anderson Ranchel Dias de Sousa, um dos presos, foi capturado na Zona Leste de Teresina. Ele é apontado como líder da associação criminosa e ostentava uma vida luxuosa nas redes sociais, com mais de 10 viagens aos Estados Unidos somente durante o período da investigação.
O diretor de inteligência da SSP-PI, delegado Anchieta Nery, informou que o esquema era dividido em três partes: liderança, responsável por recrutar pessoas para abrir contas com dados falsos; financeira, que lavava o dinheiro obtido do banco; e clientes, indivíduos que se uniam ao esquema para abrir contas.