PI: Diretor de escola que publicou frase racista nas redes sociais é afastado

Aldreciano Vieira escreveu: “Obrigado pelo feriado, uns anos atrás eu até compraria vocês” nesta quarta-feira, 20 de novembro, data do Dia Consciência Negra

Aldreciano Vieira, diretor de uma escola municipal em José de Freitas, | Reprodução/Redes sociais
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Aldreciano Vieira, diretor da Escola Municipal Filomena Alves, em José de Freitas, foi afastado de suas funções pela Secretaria Municipal de Educação após publicar uma frase racista nas redes sociais. 

A mensagem, “Obrigado pelo feriado, uns anos atrás eu até compraria vocês”, foi postada por ele nesta quarta-feira, 20 de novembro, data em que o feriado nacional da Consciência Negra foi celebrado pela primeira vez.

Mensagem racista foi publicada por ele nas redes sociais (Foto: Reprodução)

APURAÇÃO ABERTA

A Secretaria Municipal de Educação emitiu uma nota informando que um processo administrativo foi aberto para investigar a conduta do diretor, que ficará afastado enquanto os fatos são apurados. (confira a nota completa abaixo).

A pasta mencionou ainda que a declaração é "incompatível com os valores que defendemos e totalmente contrária aos princípios de respeito, igualdade e inclusão que devem nortear a educação", diz o comunicado.

O Coletivo Cabelos de Axé, representado pela presidente Jeovânia Vilarindo e pelos membros da diretoria, também se manifestou contra a fala racista. O grupo declarou que a atitude de Aldreciano Vieira desrespeita a memória e a luta do povo negro, e que também reforça uma estrutura racista que ainda busca desumanizar e marginalizar a população negra.

“Essa declaração é uma afronta às conquistas e ao sofrimento da população negra, especialmente em José de Freitas. Racismo não é uma opinião, é um crime, e esse ato não pode passar impune”, disse o Coletivo.

NOTA DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE JOSÉ DE FREITAS

A Secretaria de Educação manifesta total repúdio à declaração publicada por um diretor de escola em suas redes sociais, na qual expressou conteúdo ofensivo e racista ao se referir ao Dia Nacional da Consciência Negra. Tal postura é inaceitável, incompatível com os valores que defendemos e totalmente contrária aos princípios de respeito, igualdade e inclusão que devem nortear a educação.

Reforçamos que o papel de um educador é promover a valorização da diversidade, o combate a qualquer forma de discriminação e o respeito às diferenças. A prática do racismo, em qualquer forma, é um ato grave que fere a dignidade humana e, portanto, não será tolerada.

Informamos que foi determinada a abertura imediata de um processo administrativo para apurar a conduta do referido diretor. Além disso, ele será afastado de suas funções enquanto os fatos são investigados. Acreditamos que uma pessoa com tal postura não reúne as condições necessárias para exercer a função de liderança em uma unidade educacional.

A Secretaria reafirma seu compromisso com a construção de uma sociedade justa, inclusiva e respeitosa, onde o espaço escolar seja um ambiente de acolhimento e respeito às diferenças. Seguiremos firmes no propósito de combater qualquer prática discriminatória, garantindo que a educação seja uma ferramenta de transformação social.

 NOTA DO Coletivo Cabelos de Axé

O Coletivo Cabelos de Axé, em nome da presidente Jeovânia Vilarindo e dos demais membros da diretoria, vem a público manifestar seu mais profundo repúdio à fala racista proferida pelo educador e gestor educacional da E. M. Filomena Alves, PROF. ALDRECIANO VIEIRA, no Dia da Consciência Negra. Ao declarar: "Obrigado pelo feriado, uns anos atrás eu até compraria vocês", tal indivíduo desrespeitou a memória, a luta do povo negro, e violou os princípios básicos de dignidade e respeito que devem nortear qualquer convivência social.

Essa declaração representa uma afronta direta às conquistas da população negra, principalmente em José de Freitas, e reforça estruturas racistas que insistem em desumanizar nossos corpos e histórias. Reafirmamos que o racismo não é uma opinião, é crime previsto na Constituição Federal e na Lei 7.716/1989.

Enquanto coletivo negro, não toleraremos essa postura, especialmente vinda de alguém que ocupa uma posição de liderança e que, portanto, deveria zelar pela promoção de uma educação antirracista e inclusiva. Faremos valer nossos direitos e tomaremos as medidas legais cabíveis para que este ato criminoso não fique impune.

Acreditamos que a luta pela reparação e pela justiça é contínua e exige vigilância constante. Convocamos toda a sociedade de José de Freitas a se somar nesta denúncia, reafirmando nosso compromisso com a construção de uma cidade que respeite a diversidade e valorize a história e a identidade negra.

José de Freitas, 20 de novembro de 2024.

Diretoria do Coletivo Cabelos de Axé

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