Exclusivo Piloto de avião que caiu em Teresina relata momentos de terror antes do acidente

O piloto Arcedino Concesso concedeu entrevista com exclusividade ao jornalista Erlan Bastos. Cinco pessoas estavam na aeronave e sobreviveram, entre elas uma criança de 4 anos

Piloto de avião que caiu em Teresina relata momentos de terror antes do acidente | reprodução
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Em entrevista exclusiva ao jornalista Erlan Bastos, o piloto Arcedino Concesso, relatou momentos de terror antes  de cair  na última segunda-feira (12), no campo de futebol na Vila Operária, na zona Norte de Teresina. Cinco pessoas estavam na aeronave e sobreviveram, entre elas uma criança de 4 anos. O avião tinha acabado de decolar quando em determinado momento o piloto avisou a torre de controle do Aeroporto Petrônio Portella, que o avião estava com a porta aberta e pediu autorização para retornar, mas acabou perdendo altitude e colidindo em fio de alta tensão, ocasionando um pouso de emergência no campo.

“Foi tudo muito rápido, acredito que algo entre 30 segundos, 40 segundos, o tempo de resposta entre eu constatar a perda de potência do motor e a escolha do local para pouso. Eu não tinha condições de retornar para o aeroporto, talvez se eu tentasse ele iria cair em cima das casas, devido ser uma região muito habitada, então consegui visualizar o campo, perdi altitude com destino ao campo e amorteceu um pouco a queda com a batida da rede de energia elétrica, pois isso ajudou bastante”, relatou.

Ainda na entrevista, Arcedino Concesso, revelou o momento exato que percebeu que algo não estava certo com a aeronave e que precisaria retornar para o aeroporto, já que estava perdendo altitude e não tinha como chegar até a pista do aeroporto, pois havia o forte risco do avião atingir alguma residência, já que o aeroporto fica na zona urbana da capital piauiense há muitas casas em seu entorno e para tentar minimizar os danos e impacto do pouso ele decidiu pousar no campo de futebol.

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“A história toda começou quando constatei que uma das duas travas da porta estava fechada incorretamente, foi quando solicitei o retorno ao aeroporto, só que eu já tinha levantado voo e passado da pista, então eu precisava ganhar um pouco mais de altitude, foi justamente nesse momento que constatei que o avião não estava mais respondendo como deveria, não estava ganhando altitude, pelo contrário, ele começou a perder altitude e com isso tentei fazer o retorno para pista que decolei e não consegui, então tive que fazer uma análise de risco, não consegui restabelecer a aeronave e o único lugar viável que tinha, que oferecesse menos riscos aos populares e as pessoas que estavam nas ruas, na casa, era justamente esse campo de futebol que estava vazio”, afirmou.

Concesso enfatizou ainda  que assim que teve o toque no solo, sentiu muita dor e falta de ar, mas tinha  como obrigação retirar todos os passageiros de dentro da aeronave para garantir a segurança de todos, devido a forte eminência de uma explosão. "A última a sair foi a minha filha mais velha, que também sentia muita dor, mas eu consegui retirar-las de dentro do avião porque havia o risco de explosão, porque os dois tanques estavam cheios e mesmo com muita dor eu me afastei uns 4 metros e cai no chão porque eu não conseguia mais caminhar devido a fratura na minha coluna, foi quando duas pessoas me pegaram e me levaram até um local mais afastado”, declarou.

Na oportunidade, o piloto que segue internado na UTI de um hospital particular de Teresina, aproveitou para pedir que as pessoas não julguem o que não conhecem e também não espalhem fake news a respeito do que poderia ter causado o acidente. “Eu vi muita desinformação que a aeronave só tinha capacidade para 3 pessoas e estava carregando 5, enquanto na verdade a aeronave tem capacidade para 1 tripulante e mais 3 passageiros e apesar de ter mais uma criança, era uma criança de colo e isso não apresenta nenhum risco para aeronave porque eu respeitei o peso de decolagem máximo que o manual do fabricante autoriza que são 1.315 kg e eu não tinha nem 1.200 kg, então ainda estava com peso de sobra, então as pessoas não devem fazer esse tipo de julgamento porque leva a outras pessoas leigas a também veicularem informações incorretas”, finalizou.

O acidente

A aeronave monomotor de prefixo PT-RHJ, modelo EMB-711ST, decolou do Aeroporto Senador Petrônio Portela após reabastecimento, quando perdeu sustentação e precisou realizar um pouso forçado no campo de futebol do Bariri, no bairro Vila Operária. O voo tinha como destino Araguaína (TO), partindo de Fortaleza (CE). Os ocupantes, todos da mesma família, foram resgatados com vida e sem ferimentos graves.

A aeronave ficou sob responsabilidade da CCR, empresa que administra o aeroporto de Teresina, para procedimentos técnicos. Esta foi a segunda queda de avião registrada na capital piauiense em menos de 24 horas. Na tarde de domingo (11) uma aeronave de pequeno porte caiu em uma região de mata próxima ao Parque Encontro dos Rios, também na zona norte da cidade. O piloto Marcelo Nogueira Ramos, soldado da Polícia Militar do Ceará, e o copiloto Jhony Francisco Alves dos Santos foram resgatados sem ferimentos graves.

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