No ano em que celebra 70 anos desde sua fundação, o Sanatório Meduna ganha destaque em um documentário que promete resgatar sua história. Com a pré-estreia programada para ser no SESC Cajuína, às 19h, nesta sexta-feira (14), "Meduna - Quem sabe onde está a Loucura?" mergulha na saga dessa instituição psiquiátrica que moldou a maneira como os piauienses lidavam com a saúde mental por mais de meio século.
SOBRE O QUE FALA?
Desde sua fundação em 1954 pelo Dr. Clidenor de Freitas Santos até o fechamento em 2010, o Meduna abrigou cerca de 100 mil pacientes do Norte e Nordeste, tornando-se um marco no tratamento de doenças mentais na região. Com 55 min de duração, o documentário sobre o sanatório retrata sua construção, trajetória e o destino do seu acervo, incluindo a estátua de Dom Quixote e uma pintura de Cândido Portinari.
Conduzido a jornalista Cinthia Lages, que idealizou o projeto e dirigiu a produção, o documentário levou dois anos para ser produzido, por conta da sua apuração detalhada. A Jornalista ressalta que mesmo após quase 15 anos do fechamento do Meduna, seu impacto na vida das pessoas permanece significativo.
“Ele impacta muito a vida das pessoas, mesmo aquelas que não conheceram. Jovens têm muitas dúvidas e há muitas histórias com h e com e, histórias e estórias sobre o Meduna. E por que ninguém falava sobre isso?”, indagou Cinthia Lages.
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RELATOS MARCANTES
O documentário ouviu médicos, ex-funcionários, familiares de Clidenor de Freitas Santos e ex-pacientes do Meduna, cujos depoimentos revelam a decadência da instituição, acompanhando as mudanças na Política de Saúde Mental do Brasil. “Sou uma sobrevivente do Meduna”, diz Maria Rosa Pereira, internada pela primeira vez aos 15 anos. “Eu queria ter estudado, ter me formado. Perdi minha vida lá”, desabafa.
“Alguns momentos foram muito difíceis, porque você se debruçar sobre histórias de doentes mentais não é uma coisa fácil, ainda mais no mundo de hoje, que a gente já vive em meio a angústias. Eu conversei com a ex-pacientes, pessoas que tiveram internadas lá, com o médico, funcionários e tive acesso ao acervo do Meduna. As peças que a gente imaginava que estavam perdidas, mas foram encontradas, tivemos acesso a elas e quem for assistir o documentário vai poder ver”, detalhou a jornalista.
Ficha de Torquato Neto e outros arquivos raros
Entre os relatos marcantes, a ficha psiquiátrica de Torquato Neto, poeta e músico piauiense, é um dos destaques, revelando documentos inéditos ao público. O filme também apresenta o primeiro aparelho de eletrochoque do Brasil, construído em Teresina por Clidenor de Freitas Santos e o eletricista Benedito Almeida.
O documentário é apenas o começo de um projeto maior. Segundo Cinthia, a ideia é transformar o conteúdo em podcast e expandir os materiais para revelar ainda mais histórias do Meduna. A jornalista afirmou que o documentário será lançado em breve para todo o público.
Produzido pela Rey Produções, ele possui uma trilha sonora original de Iago Guimarães e uma estética visual cuidadosamente colorizada por Vini Luz. Siga @medunafilme nas redes sociais para mais informações e atualizações sobre este projeto, realizado em parceria com Jenipapo Studio e apoiado pela Imajyn Branding Studio.