Nesta segunda-feira (25), Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, o Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento Correnteza inauguraram a Ocupação Sala Lilás Janaína Bezerra Vive!, no campus Butantã da Universidade de São Paulo (USP). Janaína foi brutalmente assassinada e violentada sexualmente nas dependências da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, no ano de 2023.
O espaço, que antes estava abandonado, agora será destinado a acolher mulheres vítimas de violência. “Na universidade mais elitizada do Brasil, onde faltam salas de aula e não há estruturas adequadas para acolher mulheres vítimas de violência, as estudantes decidiram transformar este lugar em um espaço de defesa da vida das mulheres”, destacou o comunicado do coletivo responsável pela ocupação.
Reivindicações e Proposta
Os movimentos demandam que a USP implemente medidas de proteção às vítimas, como o estabelecimento de um protocolo de acolhimento e encaminhamento construído por movimentos feministas e a criação de um Centro de Referência para dar seguimento às denúncias recebidas.
O endereço da Sala Lilás Janaína Bezerra Vive! é Travessa do Labirinto, 396 - Butanta, São Paulo (SP). O coletivo também está recebendo doações via Pix: movimentoolgabenario.sp@gmail.com.
O feminicídio de Janaína Bezerra
Janaína da Silva Bezerra, estudante de jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), foi brutalmente assassinada aos 22 anos em janeiro de 2023, em Teresina (PI). A jovem foi estuprada e assassinada em uma sala de estudos da universidade por Thiago Mayson, mestrando em matemática na mesma instituição.
O crime ocorreu durante a calourada universitária. Thiago, que possuía a chave da sala, levou Janaína para o local, onde a agrediu e, após matá-la, violou seu corpo novamente. O agressor ainda gravou videos dos atos cometidos.
Após meses de mobilização de amigos, familiares e movimentos sociais, o acusado foi condenado em 19 de setembro de 2023, a 18 anos de prisão por estupro, homicídio e vilipêndio de cadáver. No entanto, movimentos feministas criticaram a sentença, apontando que a pena para feminicídio poderia ser maior, chegando a até 70 anos de reclusão.
A violência de gênero nas universidades
O Brasil ocupa a posição de 5° país com mais violência contra mulheres no mundo. Universidades, inclusive, continuam sendo locais de grande incidência de violência de gênero, com muitos casos ainda sem a devida punição.
A criação da Sala Lilás Janaína Bezerraé um passo importante na luta por segurança e acolhimento às mulheres dentro da universidade. "É o mínimo necessário para garantir a proteção e o bem-estar das nossas vidas", afirmam os organizadores da ocupação.