Em entrevista à TV Meio, o delegado Carlos César, titular da Delegacia de Crimes de Trânsito, revelou que uma testemunha afirmou ter visto o estudante de direito João Henrique Soares Leite Bonfim, de 22 anos, escondendo as placas do carro envolvido no acidente que matou um casal na zona Leste de Teresina.
O acidente aconteceu na madrugada do dia 1º de dezembro. As vítimas, Francisco Felipe Oliveira Duarte, de 22 anos, e Laurielle da Silva Oliveira, de 27 anos, trafegavam em uma motocicleta quando foram atingidos pelo carro conduzido por João Henrique. Nesta terça-feira (10), o motorista foi indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar.
O que disse o delegado
“Uma testemunha no local do acidente disse que viu o momento em que João Henrique estava escondendo a placa do veículo na calça e por debaixo da camisa. A testemunha até interferiu para tirar e jogar essas placas ao chão”, relatou o delegado.
O delegado explicou que, embora o veículo estivesse licenciado, as placas haviam sido removidas, configurando o crime de adulteração de sinal identificador de veículo automotor. Além disso, uma fotografia fornecida pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) mostrou o veículo sem a chapa de metal no cruzamento da Avenida Dom Severino com a Nossa Senhora de Fátima momentos antes do acidente.
“O veículo estava correndo em alta velocidade e, provavelmente, ele retirou as placas. Isso tudo foi relatado e vai ser encaminhado ao Ministério Público, que tomará as decisões cabíveis. Chegamos à conclusão de que não se tratava de um simples caso de homicídio culposo de trânsito, previsto no Código de Trânsito Brasileiro. Estávamos diante de um caso doloso, artigo 121 do Código Penal. Sabemos que ele não tinha intenção de matar, mas era previsível que, ao dirigir em alta velocidade e ultrapassar o sinal vermelho, ele poderia matar alguém. Ele não se importou com isso e continuou dolosamente”, afirmou o delegado.
Vítimas do acidente
Francisco Felipe Oliveira Duarte e Laurielle da Silva Oliveira trafegavam em uma motocicleta pela Avenida Jóquei Clube, no sentido oeste-leste, quando foram atingidos pelo veículo conduzido por João Henrique, que seguia no sentido norte-sul.
O impacto foi tão forte que o carro colidiu contra um semáforo e capotou. Laurielle morreu no local e Francisco faleceu após ficar 4 dias internado em estado grave no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
“Matou os dois, deixando três crianças órfãs. Conversei com a mãe da Laurielle, uma família humilde, com poucos recursos, que mora em um bairro pobre e em uma casa desestruturada para receber três crianças”, acrescentou o delegado.
Outros relatos e provas
O delegado destacou a imprudência de João Henrique. “Ele utilizou a pista da Avenida Nossa Senhora de Fátima como se fosse uma pista de corrida, colocando em risco inúmeras pessoas. Ele estava em alta velocidade e acabou colidindo com a moto das vítimas”, explicou.
Um motociclista que trafegava próximo ao local contou à polícia que reduziu a velocidade ao perceber o risco. “Ele falou que é comum ver carros em alta velocidade naquela região. Mesmo com o sinal verde para mim, reduziu a velocidade por medo. Viu apenas um vulto passando e, em seguida, atingindo o casal”, relatou o delegado.
A perícia criminal realizará simulações para calcular a velocidade do carro no momento do impacto.
Prisão preventiva e antecedentes
João Henrique foi preso em flagrante no dia do acidente, e sua prisão foi convertida em preventiva no domingo (1º). Ele dirigia alcoolizado, com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida, e já havia se envolvido em outro acidente em 2022.
No caso anterior, João Henrique colidiu com uma motocicleta na Avenida Antonieta Burlamaqui, em Teresina, deixando o condutor ferido. A Delegacia de Repressão aos Crimes de Trânsito (DRCT) da Polícia Civil do Piauí segue investigando o caso.