Diante de um quadro de violência urbana que vem assustando moradores do Distrito Federal, um grupo de manifestantes decidiu fazer um protesto em frente a residência oficial do governador Agnelo Queiroz. O protesto, marcado por uma rede social e com mais de 3 mil confirmações até o início da manhã, teve início em frente ao prédio onde vivia Leonardo Almeida, 29 anos, morto a tiros na última quinta-feira quando chegava em casa, no bairro de Águas Claras. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 600 manifestantes participaram do ato, que seguiu depois em marcha até a casa do governador.
Apenas no primeiro mês de 2014, o número de mortes violentas chegou a 73, sendo 68 homicídios e cinco latrocínios. A média é de 2,4 casos por dia. Os ataques contra a vida superam em 37,7% a quantidade registrada no mesmo período de 2013. Parte do aumento da violência é atribuída por Agnelo a uma Operação Tartaruga que estaria em curso pela Polícia Militar do DF. Ontem, ele realizou duas reuniões com a cúpula da segurança pública do DF e saiu delas com a promessa de que a Operação Tartaruga dos policiais e bombeiros militares chegou ao fim.
O compromisso firmado pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Anderson Carlos de Castro Moura, é de que os militares, inclusive coronéis e comandantes, trabalharão todos os dias até que a corporação restaure a ordem nas ruas do DF. Segundo ele, todos os policiais que participaram da Operação Tartaruga, instaurada há dois meses, passarão por um procedimento disciplinar, podendo ser punidos com advertências e até mesmo demissão do cargo em que ocupam. Até o momento, foram identificados cinco policias, entre oficiais e praças.
O coronel da PM Roberto Miguel Bulart, acompanhando a manifestação, negou que haja a paralisação: "Não há Operação Tartaruga, são alguns policiais pseudo-representantes da corporação falando ou tentando falar em nome da corporação, a qual não representa. Mais de 90% da corporação está na rua trabalhando e nós, do alto comando da Polícia Militar, estamos aqui para motivar todos os poiliciais a trabalhar". Segundo ele, as reivindicações, "as nossas demandas represadas, em outro momento devem ser colocadas à mesa de negociação".
O caso de Leonardo foi um dos com maior repercussão no cenário recente de violência. Os manifestantes decidiram passar em frente ao prédio do jovem, a 20 quilômetros do Plano Piloto (área central de Brasília) para oferecer rosas a sua mãe, Ana Cleide, antes de seguirem rumo à residência oficial do governador, localizada no mesmo bairro.
"Eu não quero que jovens que planejam o futuro terminem dessa forma que meu filho terminou. Meu filho tinha sede de viver. Ele se alegrava com um dia de sol, se alegrava com o trabalho, se alegrava com os amigos... Então eu não quero que essas vidas sejam cada vez mais jogadas no asfalto, como meu filho foi", desabafou a mãe do rapaz.