Após receber a notícia de que estava absolvida, Adriana Oliveira, a "viúva da Mega-Sena", não conteve a emoção e chorou. Seu advogado, Jackson Costa, também comemorou e disse que sempre acreditou na sua cliente. "As provas eram absolutamente falhas e não demonstravam nada contra ela", afirmou ele. O defensor lembrou partes do debate em que dizia que, caso não acreditasse que a viúva era inocente, não entraria no caso. "Na verdade, eu fiz uma defesa com o coração, com a transparência, com a realidade, e estou feliz com o resultado. Foi muito justo", disse. A viúva deve ficar com um patrimônio de cerca de R$ 50 milhões.
O desfecho causou espanto nos presentes. A família de Renné Senna, assassinado em 2007, dois anos depois de ganhar R$ 52 milhões na Mega-Sena em Rio Bonito, região das baixadas litorâneas no Rio de Janeiro, saiu rapidamente do plenário. A herança será dividida entre a ex-cabeleireira e Renata, filha da vítima. Segundo o juiz de Rio Bonito, Marcelo Espíndola, o patrimônio estaria avaliado em 100 milhões.
A promotora do caso, Priscila Naegelle, logo que foi dada a sentença, afirmou que o Ministério Público irá recorrer. "Estou convencida de que Adriana foi a mandante. Infelizmente, o júri não estava convicto. Espero rapidamente um novo julgamento", disse ela. Os ex-seguranças de Renné, Anderson Souza e Edinei Gonçalves, já foram considerados culpados pelo assassinato.
Em depoimento na última quinta-feira, Adriana disse que traiu o marido porque ele teria disfunção erétil. Além disso, ela afirmou que tinha "carência" e que traiu apenas por "satisfação sexual". O julgamento durou cinco dias, teve 16 testemunhas e depoimentos de quatro réus. Além da viúva, foram absolvidos os ex-PMs Ronaldo Amaral e Marco Antonio Vicente e a professora de educação física Janaina Oliveira.