Acorrentada, vítima de assalto arrasta moto com pescoço no mato e consegue chamar polícia

Motorista foi resgatado no mato após dois dias acorrentado, diz PM

Vítima de assalto | Valdinei Neri/Arquivo Pessoal
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

Um homem de 32 anos foi resgatado no domingo (8) após passar dois dias acorrentado pelo pescoço na própria motocicleta, no meio do mato, em Rubiataba, a 220 quilômetros de Goiânia. De acordo com informações da Polícia Militar, ele foi assaltado por dois homens, que roubaram R$ 1.200.

A vítima, que trabalha como motorista em uma usina de álcool, passou por momentos de apreensão, sede e frio e, cansado de esperar por socorro, arrastou o veículo pelo pescoço por cerca de 15 metros para alcançar a bolsa que havia sido abandonada pelos criminosos no local. Ao abri-la, teria encontrado o celular e ligado para a polícia. À PM, o motorista contou ter sido sequestrado no início da tarde de sexta-feira (6), após receber o salário que foi roubado.

Um dos militares que participou do resgate, o cabo Edimar José da Silva Duarte, disse ter ficado impressionado com o drama. "Nós o encontramos às 8h10. Fazia muito frio e ele disse que não estava mais aguentando. Reclamava de fraqueza e de sede e batia o queixo de frio", relata Duarte.

Os policiais chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e providenciaram água para o rapaz. Com uma segueta, eles serraram o cadeado que prendia a corrente à moto. O cabo Duarte conta que a operação foi difícil e durou cerca de meia hora: "A corrente estava muito justa no pescoço, ficava difícil serrar o cadeado sem ter como apoiar".

Para Duarte, o motorista foi muito esperto. ?Ele conseguiu sobreviver ao frio porque os ladrões deixaram a chave na ignição. Na madrugada, ele conseguiu ligar a moto e se esquentar com o calor do motor?, relata o policial.

A área onde os assaltantes o abandonaram pertence à usina para a qual ele trabalha. Na manhã de domingo, o vigilante Valdinei Neri Pereira, 32 anos, fazia ronda no local e percebeu a movimentação dos carros da PM e do Samu. Ele abordou uma enfermeira do Samu e perguntou o que tinha acontecido. Ela respondeu que um homem havia sido sequestrado e abandonado naquele local.

Cheguei lá e ele estava com sede. Por sorte, sempre carrego uma garrafa de água na moto durante o patrulhamento", diz o vigilante, que fez um vídeo do resgate e postou na internet. ?O que mais me impressionou foi ele conseguir arrastar aquela moto com o pescoço. Foi um milagre de Deus?, resume Valdinei.

Desidratação

O motorista foi socorrido e levado para o Hospital Municipal de Rubiataba, com desidratação, segundo a Polícia Militar. Recebeu alta no mesmo dia, à tarde, e se recupera em casa.

?Ele está emocionalmente muito abalado?, disse a irmã da vítima, a professora Alessandra Ferreira da Silva, 29 anos. Ela mora em Goiânia, mas viajou para a cidade, na região central do estado, para dar apoio aos pais e ao irmão, que mora com os pais em Nova Glória, cidade vizinha a Rubiataba. Na sexta-feira, a cooperativa fez o pagamento de todos os funcionários. Ela conta que o irmão sacou o salário no banco, cerca de R$ 1.200, e voltava para casa por volta das 13h, quando foi abordado pelos assaltantes.

À família, o motorista relatou que, ao passar por um quebra-molas, na saída de Rubiataba, um motocicleta com dois homens parou ao seu lado. Um deles desceu do outro veículo e passou para a garupa da sua moto.

Armado, o assaltante teria pedido para ele seguir a outra moto por cerca de 5 quilômetros. Quando eles pararam, pediram para o motorista sentar no chão. ?Nesse momento, ele se desesperou. Chorou e pediu para que não o matassem. Ele conta que os bandidos falaram que era para ele ficar calmo e não reagir, pois não queriam fazer nada com ele?, conta a irmã.

Os dois homens pegaram o dinheiro, que estava dentro da bolsa, e a jogaram de lado, segundo a irmã. Em seguida, eles passaram a corrente no pescoço de Adelson e a prenderam na moto com um cadeado. De acordo com Alessandra, o irmão não viu o rosto dos criminosos porque eles estavam de capacete.

Depois de duas noites de frio, o motorista percebeu a bolsa próxima à moto. ?Ele conta que pensou em se arrastar até lá para achar alguma coisa que desse para abrir o cadeado. Um clip ou até mesmo o zíper da bolsa. Mas quando ele abriu, viu que os homens não tinham levado o celular, só o dinheiro. Aí ele ligou para a polícia?, relata Alessandra.

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES