O julgamento de Martim Borges da Silva, acusado de assassinar com um tiro de espingarda o menino Isaac José Luz de Sousa, morto em 2014 aos aos oito anos, foi marcado para o próximo dia 7 de abril. A decisão é da juíza Nilcimar Rodrigues de Araújo Carvalho, titular da 5ª Vara Criminal da Comarca de Picos. O sorteio dos jurados que vão atuar no Júri Popular acontecerá no dia 15 de março.
No dia do julgamento apenas cinco testemunhas da acusação e o acusado irão depor. Devem ser ouvidas como testemunhas o pai do menino Isaac, peritos que atuaram na reconstituição do crime e a esposa de Martim Borges.
Segundo o advogado assistente da acusação, Maycon Luz, a família está ansiosa. “A família está esperando por esse dia, pois será nesse dia que a alma do Isaac vai poder descansar em paz – depois que o senhor Martim Borges for condenado pela prática do crime de homicídio doloso”, diz.
A acusação afirma que vai se basear na tese de que o crime não foi acidental, como sustenta Martim. Para isso, Maycon Luz cita os laudos da reconstituição simulada realizada no mesmo local em que Isaac foi morto, na Rua Justino Macedo, bairro Pedrinhas, zona leste de Picos.
“Houve uma reconstituição do crime onde ele claramente mentiu, trouxe uma versão inverossímil, e os peritos afirmaram de forma técnica, através de um laudo pericial, atestando que a versão dele não se sustentava”, argumenta.
Os motivos que levaram à morte do menino ainda são uma incógnita para familiares da vítima. “A família e o próprio Isaac tinham uma relação amigável com o senhor Martim Borges, então esse é um ponto que ainda não foi bem esclarecido – o porquê desse disparo – Se foi um tiro intencional no Isaac, ou se foi um disparo intencional na esposa do Martim Borges e acertou o Isaac ou se foi por pura brincadeira do Martim. Esse ponto realmente não ficou claro”, explica Maycon.
Defesa
A reportagem do Grande Picos procurou a advogada de defesa Marilene de Oliveira Vera Bispo, que afirmou que só se pronunciará oficialmente sobre o caso depois de uma conversa com seu cliente prevista para a próxima quinta-feira (25).
O crime
Isaac José Luz de Sousa, 8 anos, estava na calçada de sua casa, na Rua Justino Macedo, bairro Pedrinhas, ajudando o pai a lavar uma moto quando foi atingido por uma bala disparada por Martim Borges, que morava em frente à casa da vítima. A criança ainda foi socorrida e levada ao hospital em um carro particular, mas faleceu ao dar entrada no pronto socorro do Hospital Regional Justino Luz.
O acusado em seu depoimento na audiência de instrução e julgamento alegou ter atirado acidentalmente na criança. Segundo ele, a arma foi comprada no mesmo dia do crime, por R$ 700, a um cigano que estava nas proximidades do Mercado Municipal. O vendedor teria afirmado a Martim que ele poderia usar munição calibre 38 que a carabina funcionaria.
Confiante, Martim disse ter comprado munição para testar a arma quando, segundo ele, fosse vendê-la. Ele afirmou que antes de seguir para sua residência passou pela casa de outras três pessoas, na intenção de conseguir a venda da espingarda, contudo, não obteve êxito.
Ainda em depoimento, ele disse que ao chegar em casa avisou à sua companheira que havia comprado a arma para vendê-la posteriormente. Martim disse ainda que pôs o rifle em cima de seu guarda roupa e, algum tempo depois, pegou-a e pôs a munição nela e que ao travá-la, a mesma disparou, sem que ele chegasse a apertar o gatilho.